Vou me utilizar de um trecho da obra Teoria Geral da Política de Norberto Bobbio, para introduzir o tema sobre poder. “O conceito de política, entendida como forma de atividade ou práxis humana, está estritamente ligado ao conceito de poder. O poder foi definido tradicionalmente como “consistente nos meios para se obter alguma vantagem” ou, de modo análogo, como “o conjunto dos meios que permitem conseguir os efeitos desejados”. Sendo um desses meios o domínio sobre outros homens (além do domínio sobre a natureza), o poder é definido ora como uma relação entre dois sujeitos, na qual um impõe ao outro a própria vontade, determinando o seu, malgrado o comportamento.
Mas como o domínio sobre os homens não é geralmente fim em si mesmo, mas meio para obter “alguma vantagem”, ou mais exatamente, “os efeitos desejados”, de modo não distinto do domínio sobre a natureza, a definição de poder como tipo de relação entre sujeitos deve ser integrada à definição do poder como posse dos meios, que permitem obter, exatamente, “alguma vantagem”, ou “efeitos desejados”.
Todos tínhamos sonhos quando o PT subiu ao poder:
- sonho de que todos os brasileiros fossem finalmente tratados igualmente perante a lei
- sonho de que todos os brasileiros tivessem leis justas
- sonho de que a ética pairasse sobre as três casas políticas vizinhas, em Brasília
- sonho de que toda a estrutura pública trabalhasse a favor da população
- sonho de que o poder fosse usado finalmente para servir a Nação
- sonho de que os brasileiros pudessem se orgulhar de seu país fora das linhas de futebol
- sonho de que houvesse crescimento econômico real, condigno com nossas dimensões geográficas e populacional
- sonho de que a pobreza fosse eliminada ou reduzida fortemente
- sonho de que o analfabetismo fosse eliminado
- sonho de que houvesse atendimento para a saúde para todos
- sonho de que aos melhores em suas respectivas áreas lhes fosse dadas as glórias devidas.
A realidade, entretanto, nos pregou mais uma peça. Tudo o que escreveu o filósofo continua sem alterações. O presidente Lula finalmente demonstra que se enquadra perfeitamente nas definições gerais. Quer o poder para ter suas vantagens pessoais. Não tem receio em deixar desmantelar seu próprio partido, como consequência dos caminhos éticos por ele assumidos. Não dá a mínima para a opinião pública para defender amigos de última hora, nitidamente não éticos, falcatruadores da coisa pública.
Isso sem contar suas inúmeras defesas eufóricas de participantes do quadro de seu partido, que tiveram desmascaradas suas tramóias. Aliás, como um líder que só perde para Getúlio, em tempo de domínio do partido, pode-se dizer que ele sente realmente que o partido a ele pertence e do qual ele faz e desfaz ao bel prazer.
A cada nova revelação bombástica ele sai empunhando cartazes comparativos com o governo do seu antecessor. É de espantar que ele ainda compare seu governo com o de Fernando Henrique Cardoso (FHC) , pois o governo anterior foi também dele, quando trata-se de coisas sujas e não o compare quando se trata de coisas boas.
Infelizmente são poucos os que percebem que a maioria das coisas que estão dando certo, em particular e a que mais impacta imediatamente, a econômica, é fruto de trabalho desde o advento do real.
Quando aparecem as lambanças e roubalheiras os porta-vozes afirmam que nunca se investigou tanto e por isso essas coisas feias aparecem. Pouco provável. Se há pessoas erradas nos diversos postos é porque lá elas foram colocadas pelo governo atual, ou minimamente as deixou perpetuar.
Agora que estão em debandada ícones petistas é que mais verdades são reveladas. Enfim, o que se pode perceber é que o poder definitivamente iguala, e nossos sonhos vão ladeira abaixo.
