Segunda, 13 Mai 2024

Todos nós, cidadãos ecologicamente corretos, reclamamos da falta de cuidado com o meio ambiente. O descuido com as coisas ambientais é notório em quase todos os ambientes e esferas políticas. Prevalece sempre o aspecto econômico.

 

O problema maior é que prevalece o aspecto econômico para poucos privilegiados e não para a sociedade como um todo. Qualidade de vida e ecologia são colocações que devem seguir juntas e não se contrapõem.

 

Um ambiente limpo implica em melhor de padrão de vida do que num ambiente sujo, poluído. Onde há coleta de esgoto e distribuição de água encanada com certeza haverá mais saúde e melhor qualidade de vida.

 

A exploração burra está nos levando a perder muito ou quase tudo. Muitas de nossas cidades estão sendo deformadas pela incapacidade das autoridades em regulamentar o uso do solo. Não há plano diretor feito com inteligência, mas apenas sujeito às maiores pressões. Enfim, parece que falta o sentido de pertinência à grande parcela dos cidadãos.

 

Não sei se essa falta de cuidado da coisa pública está reforçando o descuido privado, mas, com certeza, não está ajudando a dar educação ao povo. Não é à toa que as pessoas jogam de tudo nos rios e córregos; deixam lixo nas praias; descartam lixo nas ruas e calçadas.

 

Mas me tem chamado ainda mais a atenção o que está acontecendo nas nossas cidades turísticas, especialmente naquelas privilegiadas pela natureza.

 

Nas praias não necessitamos mais de guarda-sóis ou chapéus como dizem meus amigos cariocas. Os prédios a beira-mar estão tão altos que fazem sombra suficiente para cobrir toda a faixa de areia. A vantagem é que talvez possamos economizar bronzeador. Tão pouco teremos mais áreas livres com areia para brincar já que estão sendo ocupadas por shoppings, ringues de jogos e shows, ou simplesmente pelos canais “encocozados”.

 

Também com a enxurrada de turistas que esses inúmeros prédios devem trazer para que areia, se não haverá mais espaço para uma esticadela em cima da toalha?

Enfim tudo o que era bonito, o que atraia e agradava aos turistas está sendo descaracterizado.

 

Como era gostoso comer aquela ostra fresquinha no único bar, bem frequentado, enquanto se olhava o movimento do mar e se bebia  uma caipirinha. Hoje, ostras só congeladas e só nos restaurantes mais caros, onde de short não se pode entrar.

As lanchonetes têm todas o mesmo cheiro de óleo vagabundo a prejudicar a saúde alheia e emborrachar até as barrigas mais saradas.

 

Nas cidades estações de águas a desgraça é a mesma. Em torno de uma fonte de água sulfurosa, ou bicarbonetada naturalmente, havia um parque e, longe suficiente para uma boa caminhada, ficavam os hotéis onde o atendimento era cordial e a comida de dar saudade até as próximas férias.

 

À noite as serenatas tomavam conta dos enamorados e isso era tudo o que atraia mais turistas. Agora se acumulam hotéis, de muito andares, quase caindo em cima das fontes onde, para se tomar água, deve-se pagar mais caro do que sua garrafa comprada na padaria da esquina.

Os antigos bons hotéis em franca decadência e os novos também já decadentes pela péssima manutenção, pelo mau-trato. A comida agora é feita para satisfazer a fome de muitos e não para dar prazer ao saboreá-la.

 

Isso não é tudo. As ruas dessas cidades viraram ruas de cidades comuns, mal tratadas, com tudo o que tem em cidade grande, só que em geral de baixa qualidade. Dos artesãos restou apenas o título, pois vende roupas e objetos industrializados, em geral produzidos bem longe do local de venda, e de baixa qualidade.

 

E quando se pergunta sobre o crescimento de turistas só se escuta falar em queda em número e em capacidade de gasto.  

 

As áreas verdes estão mal cuidadas, cheias de lixo, os riachos cheirando mal, e o padrão de atendimento, então, é de afugentar até o mais desligado dos turistas.

Para saber se estou equivocado ou sendo exagerado tenho por hábito fazer comparações. Então lembrei da cidade de Luchon, na França. Lá há uma das fontes de água com maior teor de enxofre do mundo. Os franceses têm orgulho desse pequeno local e cuidam dele com todo o carinho. As casas, os hotéis, os passeios públicos, têm de estar de acordo com padrões bem definidos para que não se perca a característica da cidade. Os restaurantes são agradáveis, não há lixo nas ruas, não há assaltos como aqui. A cidade tem caráter, tem personalidade.

 

Mesmo cidades que cresceram em torno de suas coisas naturais são cuidadas, como Aachen, outra cidade de águas sulfurosas, na Alemanha, que conserva brilhando como nova a construção romana de muitos séculos, onde estão as fontes. A cidade tem personalidade. E seus cidadãos têm cuidado por ela.

 

Ao contrário, por aqui ninguém se importa como as coisas estão caminhando, o que demonstra não só uma miopia empresarial como um descuido geral com sua própria qualidade de vida. Prédios históricos estão sendo engolidos pelo tempo e o descaso é geral, como está acontecendo em boa parte das cidades mineiras famosas.

 

Nossas cidades mais turísticas estão perdendo sua personalidade e, a continuar assim, em breve vão deixar de ser turísticas.

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