Sexta, 04 Julho 2025

Essa pergunta é comum entre os alunos atuais em praticamente todos os níveis escolares, mas especialmente para aqueles queridos professores das faculdades no Brasil.

Essa pergunta retrata uma realidade dura no nosso país, isto é, o desprestígio da carreira de professor.

Esse desprestígio, aliado ao baixo salário, tem atraído cada vez menos gente bem preparada para o ensino.

Isso é o que ficou demonstrado num levantamento realizado pela Fundação Lemann e pelo Instituto Futuro Brasil e apresentado pela Folha de São Paulo (9/6/08).

A conseqüência é que se entra em uma espiral negativa de ensino. Mas, além disso, também afugenta os professores, aqueles que se dedicam ao ensino fundamental, especialmente em escolas públicas, mas não unicamente, a ameaça física a que estão eles sujeitos; ameaças essas de seus próprios alunos, em particular nas escolas situadas em regiões mais pobres.

Para completar o quadro, na minha opinião aterrorizante, há, no caso das escolas particulares, a ameaça das avaliações de desempenho, feita pelos alunos, que são tomadas como base para se qualificar o professor como bom ou mal mestre. Por exemplo, não importa se os alunos efetivamente apreenderam, mas sim se houve empatia entre aluno e professor. Isto é, se o aluno comprou o professor como se ele fosse uma mercadoria. Abandona-se a qualidade do saber do mestre substituindo-a pela qualidade da boa venda.

Como há a busca pelo diploma a qualquer custo, bom mestre está se tornando aquele que permite que os alunos passem. Se for possível também ensiná-los, tanto melhor.

Nessa mesma pesquisa aponta-se a Coréia do Sul e a Finlândia como exemplos a serem seguidos. Nesses países a regra é escolher as melhores pessoas para se tornarem professores.

A quantidade está dando lugar à qualidade de ensino, e isso não é bom.

É impensável que alunos de curso superior sejam analfabetos funcionais. Porém, eles existem e são objetos de pilhas de frases anotadas de seus trabalhos, que assim o demonstram, e que vez por outra são publicados.

A melhoria da educação de um povo é passo primordial para uma melhoria da sua qualidade de vida. É notório, por exemplo, que países perdedores da segunda grande guerra, isto é, Alemanha e Japão, tenham se recuperado rapidamente, em função da qualidade educacional de seus habitantes. Aliás foi a única coisa que se lhes restou naquela época.

Também nos é bastante conhecido o investimento na melhoria da qualidade de ensino de países que até a pouco estavam entre os piores econômica e socialmente, como a China e a Índia.

Acabo de me lembrar de um curso de macro economia que fui assistir na Alemanha, quando lá estudei.

O professor entrou em sala com uma pilha de grossos livros, jogou-os sobre sua mesa, olhou para nós e disse: “a economia nesse país está uma vergonha, há mais de 5 anos não ganhamos um prêmio Nobel”. Eu ri sozinho na última fila pensando que fazia bem mais de 5 anos que a inflação não baixava de dois dígitos  no Brasil.

O pior é a introdução desse modus vivendis entre nós: admitimos que é impossível fazer qualquer comparação com outros países. Estamos no Brasil.

Os melhores alunos finalmente aparecem: estão na medicina, carreira brilhante; mas a maioria está sendo contratada com salários menores do que ganham muitos administradores médios; estão na engenharia, carreira cheia de possíveis desafios, mas cujos salários iniciais chegam a ser menores que os de faxineiras analfabetas e mal treinadas; estão em outras áreas, como os criativos de marketing estagiando (trabalhando) de graça muito tempo.

Ou seja, as oportunidades que deveriam estar disponíveis aos mais bem preparados, em todos os segmentos de trabalho, são restritas, pois estão sendo chamados os menos preparados, porém com salários menores.

Está mais do que na hora de se fazer uma revolução do ensino, mas não só oferecendo melhores salários aos professores, mas também possibilidade de pesquisa e de desenvolvimento.

Precisamos voltar a ter orgulho de sermos professores.

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s

topo oms2