As vendas de Natal prometem ser uma das maiores dos últimos anos. Há uma grande expectativa de lojistas que já empenharam verbas na compra de mercadorias para essa época. No fim de ano, a demanda sempre aumenta como conseqüência do recebimento do 13º salário, que recheia, temporariamente, os bolsos dos brasileiros.
Com a demanda aumentada, a movimentação de mercadorias cresce, exigindo melhor cobertura logística.
As empresas de logística, as de transporte, assim como os entrepostos, estão lotadas. Não há capacidade de atendimento para tudo e para todos. Não há caminhões suficientes para toda essa movimentação. Temos, realmente, uma grande falha no nosso sistema de malha logística. A dependência de transporte rodoviário é indesejável em um País com as dimensões do Brasil.
Caminhões rodando mil, dois mil, três mil quilômetros com uma única carga, do ponto de origem até o cliente, é absurdo.
Alem de ser um transporte cada vez mais caro, por conta de custos de combustível, pedágios, pneus e outras peças destruídas pelas ainda péssimas estradas fora de São Paulo, a insegurança, em virtude de roubos e assaltos, é preocupante e deixa as famílias dos caminhoneiros sempre temerosas.
Alem disso, a pressão, especialmente nesse período, por entregas rápidas, implica em custos ainda maiores, e, talvez, também em alguma irresponsabilidade por parte de motoristas de caminhão que seguem viagem sem parar para o descanso correto.
Qual o volume de poluição causado por esse modelo de malha logística? Nesse momento de aflição mundial pelos danos causados pelas emissões de poluentes, o agir no sentido de reduzi-las é, não só conveniente, como desejável, sem que isso venha a causar qualquer tipo de diminuição da atividade econômica. Pode haver, sim, um deslocamento de esforços de um mercado automobilístico para um mercado ferroviário.
Esse quadro precisa ser o mais rapidamente mudado. É urgente que se comece a trabalhar na malha ferroviária e no transporte de cabotagem como soluções mais adequadas.
A população brasileira se concentra, em sua maioria, nas cidades próximas à costa, o que indica a cabotagem como uma solução. A malha ferroviária é outra parte da solução. O que se tem feito por esses dois modais, pelos governos últimos é muito pouco.
A cabotagem e a malha ferroviária sozinhas não são a solução total. Pecam esses modais pela falta de flexibilidade tanto de rotas como de volumes. É aí que o transporte rodoviário complementa e cria a solução total.
No quadro abaixo mostro uma relação de vantagens e desvantagens entre os vários modais.
O que se observa é que a velocidade associada ao transporte ferroviário é lenta. Portanto, não é só questão de se trabalhar pelo aumento da malha ferroviária, mas também pela sua modernização em termos de bitola, locomotivas e sistemas de tal sorte para que seja possível ter um sistema viário de alta velocidade.
Não só no transporte de carga se pode ter inúmeras vantagens com os trens. Também se poderia explorar, com grande lucratividade, as viagens entre as grandes cidades do País. Por exemplo, entre São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Curitiba.
Quantos milhares de litros de diesel estaríamos economizando (leia ‘Brasil importa óleo diesel, mas desperdiça boa parte do combustível’)? Quantas horas de milhões de passageiros seriam ganhas, com segurança e talvez economia?
O Ministério dos Transportes, com a economia de recursos que terá em função da privatização de muitas estradas, terá, seguramente, verba suficiente para investir em meios de transporte diferenciados.
Esperamos que isso aconteça para o bem de todos e felicidade geral da nação.
