Terça, 14 Mai 2024

Em 1908, Henry Ford lançava para venda seu famoso carro, o modelo T, por apenas 850 dólares. Inaugurava não só um modelo de automóvel, mas, principalmente, um sistema de produção baseado em grande especialização de seus funcionários, alta produtividade e preços baixos, de tal sorte que pudesse vender seus produtos em grande quantidade.

 

Mais do que isso, começava um processo social chamado mais tarde de fordismo. Após a segunda grande guerra, os Estados Unidos puderam usufruir desse sistema produzindo em larga escala quase tudo para atender a demanda mundial, já que os outros antigos países industrializados estavam destruídos.

 

Também nessa época pós-guerra, surgiu na Itália um movimento de recuperação das indústrias. Esse modelo, de caráter puramente endógeno, teve como mote a união de indústrias de pequeno e médio portes. Ficou conhecido como o caso da terceira Itália.

 

A configuração flexível das redes de empresas nos chamados distritos industriais (DI) assegurou respostas rápidas às flutuações quantitativas e qualitativas de demanda. A simbiose entre as empresas e as comunidades locais permitiu competitividade e externalidades positivas.

 

O potencial de geração de empregos pelas empresas de pequeno e médio porte e sua conseqüente importância social vem assumindo importância crescente globalmente.

A questão que se coloca é sobre a possibilidade de se transplantar esse modelo italiano para outras regiões.

 

Estudos sobre uso em outros lugares de modelos que deram certo em uma região sempre esbarram no complexo entendimento das situações sócio culturais, históricas, econômicas e institucionais definidoras de particulares identidades.

 

Por isso suas aplicações ou ficam sendo longamente debatidas ou são implantadas sem qualquer discussão. Quando debatidas são consideradas para uma aplicação universal. Por isso, são muitas vezes abandonadas aplicações que poderiam ser importantes e que poderiam resultar em melhorias sócio-econômicas para algumas regiões.

 

Quando aplicadas diretamente sem qualquer planejamento, apenas porque deram certo em alguma situação, podem resultar em soluções inadequadas.

 

Um dos princípios do caso da terceira Itália é que nos distritos industriais houvesse uma rede industrial flexível. Isto nada tem a ver com os distritos industriais bastante difundidos no Brasil, que não passam de condomínios industriais, com infra-estrutura repartida entre seus membros, e que, por alguma sorte, permite alguma troca de experiência ou divisão de custos entre as empresas.

 

Claro que há algumas experiências positivas no Brasil. Outro aspecto importante no caso italiano foi a participação ativa dos poderes públicos – federal,estadual e municipal, na condução de políticas econômicas e trabalhistas.

 

Além disso, há a necessidade de disposição para a cooperação, para tornar redes produtivas em redes competitivas. Não se pode dizer portanto, a priori, que esse modelo dará certo ou que não dará certo no Brasil.

 

É preciso considerar qual a região brasileira que está sendo planejada. Uma região das capitais dos estados ou do interior dos estados mais ricos ou uma região do interior dos estados mais pobres.

 

É preciso saber qual a capacidade de apoio do governo local e qual a política industrial da região.

 

É preciso verificar se há capacidade industrial, entenda-se gente capaz de gerar produção, capaz de gerenciar empresa, de tal sorte que ela possa participar da rede produtiva.

 

É preciso também saber se o mercado é a própria região ou se é produto a ser exportado dela. Nesse caso qual seria a disposição logística da região.

 

Por outro lado, e a China é um exemplo constante, a produção em larga escala, ainda seguindo os princípios fordistas, está em alta.

 

Então, poder-se-ia pensar em usar esse modelo que está fazendo a China crescer a taxa anual média de 9% nos últimos anos. Qual o modelo mais conveniente para nós? Provavelmente ambos.

 

Acontece que para cada modelo é imperioso que o governo garanta políticas industriais e formas de apoio particulares. No modelo de distritos industriais em rede o processo é puramente endógeno cuja participação do governo local é fundamental.

No modelo de grande produção o governo federal tem maior importância do que o governo local.

 

Em ambas, portanto, a posição do poder público é notória. Isso não significa se estar indo na contramão do modelo neoliberal, como muitos apregoam, mas tão pouco significa um passo para um domínio do governo sobre as forças produtivas.

 

É, sim, uma participação conjunta de quem sabe produzir com quem tem o poder regulatório, e não vice-versa.

 

A tarefa mais difícil é saber dirigir as ações específicas para cada modelo. Os dirigentes deveriam gastar mais tempo na busca de soluções que estimulem o crescimento da nação com políticas públicas gerais e não com políticas dirigidas apenas a alguns pequenos grupos de amigos.

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