Ministério da Infraestrutura anuncia cronograma da ligação seca
O sonho do setor portuário de contar com um túnel ligando as duas margens do Porto de Santos (SP) vem ganhando força nos últimos dias. O diretor do Departamento de Novas Outorgas e Políticas Regulatórias do Ministério da Infraestrutura, Fabio Lavor, anunciou na terça-feira (22/9), durante um webinar organizado pelo Portogente, um cronograma para o estudo de viabilização da ligação seca, com possível inserção do projeto do túnel dentro do processo de desestatização.
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Na quarta-feira (23/9), a deputada federal Rosana Valle (PSB-SP) solicitou, por meio de uma carta ao Ministério da Infraestrutura, a inclusão do projeto do túnel no edital de privatização do Porto de Santos. E no mesmo dia ocorreu o lançamento da campanha "Vou de Túnel", que reúne empresas e entidades em defesa do modal.
Segundo Fábio Lavor, até o final do primeiro semestre do ano que vem os estudos sobre a desestatização devem estar prontos e no segundo semestre de 2021 deverão ser disponibilizados em consultas e audiências públicas. A proposta é que em 2021 já se tenha a proposta para apresentação da sociedade e que em 2022 a licitação para a ligação seca seja realizada. Não é possível realizar, financeiramente, duas soluções de projetos (ponte e túnel), mas uma que atenda à cidade e ao Porto, pontuou o diretor.
O novo projeto do túnel foi reformulado no ano passado pela Autoridade Portuária de Santos, com redução de custos, saltando de R$ 3,2 bilhões iniciais para R$ 2,5 bilhões, além de R$ 1 bilhão em investimentos para ligações das perimetrais. Outra novidade do novo traçado foi a redução de 95% nas desapropriações, explicou Casemiro Tércio Carvalho, ex-presidente da Autoridade Portuária de Santos (SPA), durante o lançamento da campanha Vou de Túnel.
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A principal proposta para viabilizar o túnel é inserir o seu custo no processo de privatização do Porto de Santos, em curso no governo federal. Outra saída seria uma parceria entre uma empresa privada e o porto de Santos. Além de não atrapalhar a navegabilidade e a expansão das áreas do Porto, segundo Tércio, o túnel reduziria a fila de navios para atracar, hoje prejudicada pelo trânsito de balsas na travessia Santos-Guarujá.
O túnel contribuiria para o crescimento do Porto, para a mobilidade pública, e poderia alavancar o desenvolvimento de regiões como Vicente de Carvalho (Guarujá). Seria, portanto, a melhor alternativa para a questão portuária ou urbana, disse o professor no Departamento de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos (USP), Tarcísio Barreto Celestino, durante o lançamento da Vou de Túnel.
Debate no Portogente sobre o túnel
Sérgio Aquino, advogado e presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), mostrou o histórico de 93 anos de projetos (foram 10 ao todo, entre ponte e túnel) que a região já vivenciou, e defendeu a urgência da ligação seca para o Porto e a cidade. A expansão e a movimentação de cargas do Porto, mesmo durante a pandemia, é evidente, e a continuidade desse processo necessita, como nunca, da ligação seca, pontuou. Pressionar o poder público é vital para que a solução ocorra, reforçou.
Um dos maiores especialistas em túneis no mundo, Tarcísio Celestino apresentou em números e argumentos técnicos, ambientais, sociais, as vantagens e o custo-benefício do túnel, além de lembrar o interesse de investidores estrangeiros no projeto.
Fábio Magano, engenheiro consultor (Mrs. Logística), lembrou a importância de o processo de ligação seca estar ligado ao processo de desestatização, com uma nova proposta de gestão e liberdade de empreender, sem levar os riscos para o Estado.
José Antonio Marques de Almeida, o Jama, editor do Portogente, conclamou o Governo do Estado a realizar a ligação seca, destacando o perfil empreendedor do ministro Tarcísio de Freitas.
* Jornalista, fotógrafa, pesquisadora, docente, pós-doutora em Comunicação e Cultura e diretora da Cais das Letras Comunicação. Contato: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.