Quinta, 21 Novembro 2024

Demanda por novos acessos ao Porto de Santos são apontados por empresários

* Texto atualizado às 15h15, de 27/04/2020

Com o tema “A importância da integração dos modais no desenvolvimento da Baixada Santista pós Covid-19” e apresentação do secretário de Logística do estado de São Paulo, João Octaviano Machado Neto, o 1º Fórum Lide Santos de Logística Integrada da Baixada Santista ocorre, nesta terça-feira (28/04), em plataforma virtual, das 15 às 17 horas. O evento é exclusivo para integrantes do grupo Lide e convidados.

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Entre os debatedores estarão Nadir Moreno (presidente da UPS do Brasil), André Ursini (Diretor executivo do Complexo Andaraguá), Francisco Vuolo (Diretor executivo da LOSC – Logística e Soluções Comerciais), Rui Klein (diretor de concessões rodoviárias da Ecorodovias) e Ricardo Arten (Diretor-presidente da BTB – Brasil Terminal Portuário).

O secretário de Estado de Logística e Transportes de São Paulo, João Octaviano Machado Neto, abordará a importância da implantação da nova matriz logística do Estado de São Paulo como forma de oferecer novos e eficientes meios para a movimentação de cargas e mercadorias, além de garantir a mobilidade da população com agilidade e segurança, por meio da integração dos vários modais. A proposta é acelerar ainda mais o desenvolvimento econômico de São Paulo em um momento de pandemia.

A Ecovias vai abordar sua atuação na Baixada Santista com o tema “A importância do Sistema Rodoviário São Paulo - Baixada Santista para a matriz logística do Porto de Santos”. Ricardo Arten, da Brasil Terminal Portuário (BTP), vai falar sobre os desafios rodoviários, aquaviários e ferroviários que permeiam o Porto de Santos.

André Ursini afirma que a proposta do evento é discutir a necessidade de um planejamento para a região pós-pandemia. “Saber quais os planos da Secretaria de Logística e Transportes, sobre o maior porto da América Latina. As cidades de Santos e Guarujá, principalmente, dependem muito do Porto.” Nesse contexto, Ursini cita a necessidade de se investir na infraestrutura portuária para que poder atender a demanda de aumento de movimentação de cargas pós-pandemia.

Embora o Porto venha batendo recorde de produção por causa da mecanização, com a diminuição da mão de obra humana houve muito desemprego na região, lembra Ursini. E, com a pandemia, o bloqueio de navios em portos internacionais pode vir a afetar o Porto de Santos e a economia da Baixada Santista. “É preciso fazer um plano de exportações e importações para não afetar a região.”

Após a pandemia, com a possível aumento da demanda de produtos, o mundo vai comercializar mercadorias de forma diferente, analisa. Com o e-commerce cada vez mais presente, haverá aumento de mercadorias no mundo todo e, consequentemente, aumento de demanda no Porto de Santos. “Já se tinha uma estimativa de aumento de movimentação de contêineres, conforme estudo da Autoridade Portuária mostrou, e é preciso pensar a infraestrutura no Porto."

Atualmente o PIB está negativo em 5%, mas e se houver o crescimento esperado de 5% no próximo ano, haverá colapso de infraestrutura, alerta. “Não se sabe como escoar a produção atual da safra de soja, que este ano vai alcançar o recorde de 42 milhões de toneladas. Hoje 65% dessa produção transita pelo modal rodoviário ainda. Vai ter colapso do sistema de infraestrutura [caso não haja planejamento].”

“As notícias que chegam para o governo do Estado é que o Porto está com recorde de movimentação de cargas, então passa-se a impressão de que está tudo bem. Mas dos 13% dos desempregados no País, 1% está em nossa região, devido ao desemprego da mão de obra que trabalhava no Porto. Esses trabalhadores não foram preparados para atuar de forma alternativa, não tivemos os investimentos previstos pela Petrobras com a exploração do pré-sal na região, não teve indústria, nada, e nos acomodamos nas promessas". Ursini sugere pensar um eixo de desenvolvimento econômico focado na rodovia, aproveitando a presença do Rodoanel, com a criação de empresas na região da Baixada Santista, principalmente no setor de tecnologia, em áreas que possibilitam a expansão, a exemplo da Área Continental e de outras áreas existentes nas cidades, como São Vicente.

“Precisamos defender nossa região. No ano passado criei o Inova com o prefeito Mourão e o professor Medina, mas ficamos adormecidos, com projetos que não se concretizaram, e agora temos uma região sem emprego e perspectiva do futuro. Não temos indústria de tecnologia, que é o futuro do mercado. Precisamos criar expectava de futuro, e só vai se fazer isso com planejamento. É preciso bater na porta do governo federal e estadual e fazer um plano de desenvolvimento econômico", defende Ursini.

Em defesa de mais uma ferrovia
Outro debatedor do evento, Francisco Vuolo, da LOSC – Logística e Soluções Comerciais, também observa a importância de se pensar em projetos de infraestrutura para o porto. “O Porto de Santos precisa se preparar para receber esse aumento de cargas de Mato Grosso (MT)", salienta.

Vuolo defende a construção de mais uma ferrovia para promover o desenvolvimento do Porto de Santos e atender ao crescimento da movimentação de cargas pós-pandemia. Este planejamento precisa ocorrer neste momento, já que uma obra de infraestrutura demanda em média uma década e depende de questões como licenciamento ambiental, pontua. “Precisamos ter mais um acesso ao porto de Santos”, defende Vuolo.

Mato Grosso tem uma relação comercial muito próxima com o Estado de São Paulo, pontua. “Hoje 30% do que sai para o Porto de Santos por ferrovia vem de Mato Grosso. A ligação ferroviária movimenta 20 milhões de toneladas de produtos, grãos, contêineres, entre outros”. No entanto, segundo ele, esse volume ainda é pouco perto do que o Estado pode movimentar: “Só de milho produzimos 28 milhões de toneladas, e somos também grandes produtores de carne, gado, soja, algodão, entre outros produtos. Os portos de Paranaguá e Santos recebem nossa produção. Santos recebe ainda mais quantidade. Quase 70% do que é produzido e exportado pelo Estado segue por ali."

Durante o evento Vuolo vai apresentar a realidade e o potencial de negócios de Mato Grosso para o Porto de Santos e propor uma parceria entre as duas regiões para aproximá-las e buscar incrementar a movimentação de cargas. Para tal, pretende realizar um evento similar em Mato Grosso para promover a interatividade entre as duas regiões e convidar o setor portuário. “Muita gente não conhece o MT, nossas perspectivas de crescimento e como isso vai impactar no modal ferroviário”. Vuolo também busca informações do Estado sobre a renovação da concessão da malha paulista ferroviária. “Precisamos ter informações sobre a visão do governo do Estado e de investidores sobre o tema."

O Porto de Santos precisa se preparar para receber esse aumento de cargas de Mato Grosso, explica. Neste sentido, propostas de investimento na infraestrutura do setor são muito importantes, como a ampliação da malha ferroviária e o projeto de ligação seca. A ligação seca precisa ser pensada em termos de retorno de investimento em termos de agilidade, capacidade e de eficiência para a logística, pontua. “Para mim vai ser uma novidade, isso é muito interessante. Se um projeto desse se transformar em realidade, o Porto poderá absolver essa produção de Mato Grosso."

O Porto de Santos precisa apresentar custo menor, ser mais eficiente, barato, confiável. Se ele não evoluir, não se modernizar, a tendência é que 40% de toneladas do que se produz em MT passe a escoar sua produção para portos mais próximos da Ásia e dos EUA, caso do Arco Norte - e o mesmo poderá ocorrer com o estado de Goiás, que poderá buscar o Porto de Itaqui, no Maranhão.

Logo, precisa-se estudar o cenário para além do âmbito local, regional, e pensar a eficiência logística do corredor de São Paulo e Santos, acredita. “A ligação com Santos tem resultado positiva, mais do que qualquer outra alternativa."

Marcia editada* Jornalista, fotógrafa, pesquisadora, docente, pós-doutora em Comunicação e Cultura e diretora da Cais das Letras Comunicação. Contato: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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