Aos 14 anos, o norueguês Magnus Carlsen (acessar aqui a sua biografia) é o grande mestre mais jovem do mundo. Em seu currículo constam um empate com Kasparov e vitórias frente a Karpov e Shirov. A empresa Microsoft aposta em no potencial dele e patrocina a sua carreira.
Com a história nascem as semelhanças e com o personagem as diferenças. Magnus Carlsen, rosto redondo e branco, com muitas horas de treinamento e poucas de diversão, pertence à classe dos chamados gênios do xadrez. Inclusive os especialistas se referem a ele como o maior talento surgido no ocidente desde a aparição de Bobby Fischer há quase meio século.
Em 2004 foi designado capitão e defensor do primeiro tabuleiro da seleção da Noruega na Olimpíada de Xadrez realizada em Calviá (Espanha) e, recentemente, conseguiu o triunfo mais valioso de sua vertiginosa e espetacular carreira: venceu Alexei Shirov (número 10 do mundo) em um torneio oficial.
Sua precocidade e estilo criativo frente ao tabuleiro inspiraram a imprensa norte-americana (The Washington Post) e espanhola (El País e El Mundo) a apelidá-lo de "O Mozart do tabuleiro".
Talvez a candura de seus xeques e gambitos ou a imagem publicitária de seu rosto de criança junto aos bispos e cavalos tenham chamado a atenção do multimilionário e número um da informática, Bill Gates. A sua empresa, Microsoft, se converteu no principal patrocinador da carreira do garoto pelo inigualável mundo dos tabuleiros.
Tanta publicidade encorajou o negócio editorial. Com apenas 14 anos, Magnus Carlsen, o grande mestre mais jovem do planeta xadrez, tem quem escreva um livro para ele. Já está à venda Wonderboy (Menino Prodígio), uma obra que em três idiomas - inglês, alemão e holandês – que narra os seus breves anos de aprendizagem e competência.
No dia 30 de novembro de 1990, em Lommedalen, próximo a Oslo, o casal Carlsen, que já tinha duas filhas, presenteou a Noruega com a chegada do pequeno Magnus. O menino com memória acima do normal resolvia, aos quatro anos de idade, quebra-cabeças para garotos de quatorze e, aos cinco, quando aprendeu a mover as peças de xadrez com seu pai, Henrik, recitava, sem pausas, a superfície, número de habitantes, a capital e as cores das bandeiras de todos os países do mundo.
No ano seguinte, repetia esses dados junto aos dos 430 municípios da Noruega. Simen Agdestein, destacada figura do esporte escandinavo, integrante das seleções de futebol e de xadrez do seu país, o descobriu aos oito anos. Aceitou o convite, tomando-o como aluno e preparou-o para o futuro.
Para os Carlsen, 2003 foi o ano propício para concretizar um velho sonho da família: a realização de uma viagem pela Europa que servisse também para provar a destreza enxadrística do pequeno Magnus.
Para tal empreendimento, venderam o automóvel e alugaram a casa da família e, assim, viajaram com dois únicos objetivos: descobrir novas manifestações artísticas e que, em cada parada, Magnus participasse de um torneio.
O momentâneo abandono escolar do menino provocou a reação da imprensa norueguesa. Alguns acreditaram que a família estava confundindo as coisas e que o jovem esportista estava mal aconselhado. O papai Carlsen ignorou a polêmica e agiu antes de pensar. Partiu rumo à Dinamarca, Alemanha, Áustria, Itália, aos Balcãs e à Grécia. Quando regressaram trouxeram, juntamente com as recordações do passeio pelos principais museus e teatros da Europa, o troféu da conquista do vice-campeonato mundial sub12 e o título de mestre internacional.
O êxito acalmou as críticas e após um descanso de seis meses, no ano de 2004, os Carlsen – agora com ajuda da iniciativa privada – empreenderam uma nova viagem e desta vez a felicidade seria ainda maior, pois ao final de quatro meses, Magnus se converteu no grande mestre mais jovem do circuito, com destacadas atuações em Wijk Aan Zee (Holanda), Moscou (Rússia), Dubai (Emirados Árabes Unidos) e Copenhague (Dinamarca). Desde então, o telefone na casa dos Carlsen não pára de chamar. Várias empresas se dispuseram a representar a carreira do menino, que recebeu convites para participar das principais competições e o brilho de sua estrela o obriga a dar entrevistas em cada cidade que chega.
