Sexta, 26 Abril 2024

“O que impressiona é a organização”. “Aqui se vê muita preocupação com a qualificação do trabalhador”. “Muitos equipamentos e bem mais sofisticados”. Essas foram algumas das impressões de sindicalistas portuários, na visita que fizeram em novembro de 2007 aos portos de Antuérpia, Ghent e Zeebrugge (Região de Flandres), na Bélgica, e aos de Roterdã e Amsterdã, na Holanda. Foi um “pontapé” inicial, e em grande estilo, do Centro de Excelência Portuária (Cenep) do Porto de Santos. Em março daquele ano, a Prefeitura de Santos, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e outras entidades da cidade assinaram o Protocolo de Intenções 002/2007 com o Centro de Treinamento do Porto de Antuérpia (Apec), fundado em 1978 e com reconhecimento mundial na área de cursos de capacitação profissional portuária.

 

* A hora do Cenep

Portuários reclamam: quando os cursos do Cenep sairão do papel?

 

A partir desta edição, PortoGente lança a série “Cenep e a qualificação do portuário de Santos”. Nesta primeira parte, informaremos como está o andamento da parceria Cenep e Apec. Nas próximas edições, falaremos sobre cursos realizados para portuários de Santos, na gestão de Fausto Figueira (hoje deputado estadual pelo PT), com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), dentro do Plano Setorial de Qualificação (PlanSeQ), do Departamento de Qualificação do Ministério do Trabalho e Emprego. E ainda vamos saber como estão as conversações do Cenep junto ao Departamento de Portos e Costas (DPC), do Ministério da Defesa.

 

Depois de dois anos e cinco meses da assinatura do protocolo com o Centro de Treinamento do Porto de Antuérpia, cujo objetivo era desenvolver instrumentos para implantar atividades de treinamento, aperfeiçoamento laboral, excelência portuária, ensino e pesquisa em assuntos portuários e ciências do mar, o termo de cooperação praticamente está nos seus passos iniciais. Somente agora se caminha para a retomada das conversações com a instituição belga.

 

Foto: Portonave

Cenep tem a missão de aperfeiçoar a mão de obra portuária e servir de referência a todos os portos do País como centro público de treinamento

 

Em abril último, na feira Intermodal, em São Paulo (SP), o superintendente do Cenep, o advogado Esmeraldo Tarquínio Neto, manteve contato com o consultor da Autoridade Portuária da Antuérpia (Apa), Walter Van Mulders. Tarquínio Neto, que assumiu o cargo em 5 de março deste ano, afirmou ao PortoGente que houve uma manifestação do executivo belga para a retomada do termo de cooperação. “Conversamos e estabelecemos alguns parâmetros das nossas necessidades”.

 

No entanto, quem espera rapidez terá de aguardar, porque o caminho a ser percorrido nessas novas conversações não será tão rápido. Tarquínio Neto explica que qualquer iniciativa referente a um acordo internacional e que envolva mais do que um país deve ter muitos cuidados. “Elas (as conversações) são igualmente muito lentas, porque cada parte tem a sua velocidade. E você tem desconfiança até que se estabeleça uma relação de maior fluência com o seu parceiro.”

 

O superintendente do Cenep informa que a partir da conversa com o consultor da Apa, houve a sugestão de que fosse enviado um grupo de trabalho do Porto de Santos para participar de um seminário. “Um “intensivão” para que se possa estabelecer comparações para adaptar e adotar caminhos que sejam adequados ao Brasil”. Mas ainda não há data para isso acontecer, nem o grupo formado. Tarquínio Neto justifica que as férias da Europa, nos meses de julho e agosto, atrasaram a execução dessa medida.

 

Esmeraldo Tarquínio Neto aponta que o processo está “em fase de execução do termo de cooperação” e detalha as condições para a realização da parceria com a Apa, por intermédio do Apec/Ocha (o Apec é o treinamento tecnológico de nível gerencial; e o Ocha é o treinamento voltado à parte operacional do trabalho portuário). “Será necessário estruturar um sistema de matrizes de conhecimento que serão adaptadas para o Porto de Santos. Por exemplo, um operador de portêiner, no Porto de Antuérpia, trabalha seis horas, das quais quatro em operação e duas em manutenção. Como é que a gente faz aqui (no Porto de Santos)? Não dá para transpor de lá para cá. Esse é um exemplo de tantos”.

 

Já o presidente da Codesp, o engenheiro José Roberto Correia Serra, que foi aluno do Apec e considera a experiência fundamental para a sua vida profissional, reafirma que já está se negociando mandar uma equipe para os portos da região de Flandres, mas que o Cenep ainda esbarra na questão de financiamento. “Nós sabemos o que queremos, mas precisamos encontrar meios para esse financiamento”, ou seja, para a geração de recursos para o centro.

 

Funcionalidade do Cenep

A Prefeitura de Santos, que faz parte do Cenep, conforme estatuto, por intermédio do secretário de Assuntos Portuários de Santos (Seport), Sérgio Aquino, também está na torcida para que a parceria com o Apec seja efetivada. Ele explica que se perdeu muito tempo em discussões de formalismo do Centro com a Codesp e que só recentemente se conseguiu o CNPJ da entidade. “Quero deixar claro que a prefeitura sabe que o dever não está cumprido, que a lição de casa ainda não acabou. Implantamos o Cenep, mas falta que a estrutura de treinamento, de fato, funcione”.

 

Sobre os cursos do convênio Cenep/Apec, Aquino observa que houve um reordenamento por causa dos custos. “Ao invés de levar os trabalhadores para serem treinados como monitores na Bélgica, ficando lá muitos dias, com custo elevado, optou-se por trazer instrutores do Apec/Ocha para cá. Depois eles (os trabalhadores que fizeram o curso) iriam passar um pequeno número de dias, no máximo uma semana, na Bélgica conhecendo as instalações e vendo na prática o que foi treinado. Mas isso só vai ocorrer na hora em que toda a estrutura de treinamentos estiver pronta”.

 

Depoimentos

A seguir, depoimentos de ex-alunos brasileiros do Centro de Treinamento do Porto de Antuérpia (Apec).

 

Engenheiro José Roberto Correia Serra

Presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp)

“Eu diria que os cursos fora do Brasil são fundamentais na formação de técnicos na área portuária. Temos a convicção de que o programa que é ofertado, onde temos a possibilidade de conhecermos o que se faz em “estado da arte” em termos portuários mundiais, nos capacita e habilita a termos uma visão melhor dos nossos problemas do Brasil. Eu diria que foi fundamental fazer o curso do Apec”.

 

Engenheiro Sérgio Etchechury Moreira

Trabalha na Ecoplan Engenharia Ltda., atuando na fiscalização das obras de ampliação dos molhes da barra do Porto do Rio Grande (RS)

“Os cursos realizados na Bélgica me possibilitaram ampliar os conhecimentos técnicos específicos da área portuária, bem como vivenciar outros procedimentos de movimentação e armazenagem de mercadorias. Os cursos que fiz na Bélgica foram bem abrangentes e atendeu perfeitamente para o meu aperfeiçoamento profissional. Houve muito equilíbrio nas matérias teóricas e visitas aos diversos setores portuários”.

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