Terça, 26 Novembro 2024

Em entrevista ao Portogente, o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Rocha, apontou investimentos de R$ 50,5 bilhões na indústria naval brasileira, em franca recuperação desde 2005. Atualmente o setor emprega cerca de 70 mil trabalhadores e atende um volume em torno de 300 encomendas.

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Segundo Rocha o desafio está no médio e longo prazo, em três áreas para onde o setor olha com expectativa: a construção de sondas de perfuração, a definição de um plano de negócios da Petrobras para visualizar o pós-2017 e a ênfase na legislação que garante a reserva de mercado para que o transporte marítimo na costa brasileira seja feito exclusivamente por navios construídos no país.

Foto: Assessoria do Sinaval

Presidente do Sinaval diz que indústria naval tem três demandas para o futuro após o ano de 2017

Portogente - A Operação Lava Jato está, de alguma forma, prejudicando as encomendas do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef)?
Rocha - Até o momento não existem impactos negativos da Operação Lava-Jato em relação ao Promef.

Portogente - Quais os números da recuperação da indústria naval brasileira a partir do Promef, como investimentos do Estado e do setor privado, como número de trabalhadores do setor, recursos já investidos nos estaleiros etc.?
Rocha - A estatística do emprego gerado em estaleiros é um grande indicador do avanço do setor. Os desembolsos de recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM), administrado pelo Ministério dos Transportes e repassados em financiamentos através do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], BB [Banco do Brasil] e Caixa [Econômica], principalmente, desde 2007 somam R$ 25 bilhões, incluindo financiamentos para construção naval e a implantação de estaleiros. Os desembolsos se referem a contratos de financiamento no valor de R$ 50,5 bilhões que resultaram na ampliação e implantação de estaleiros e na entrega de 430 embarcações para operações de transporte marítimo e fluvial.

Portogente - Como o Sinaval enxerga o futuro do setor, pensando a médio e longo prazo? Esse otimismo se mantém?
Rocha - A construção naval tem três demandas principais em relação à continuidade. A primeira é uma solução para a Sete Brasil que contratou estaleiros para construir sondas de perfuração e no momento se apresenta sem condições de honrar seu compromisso, que incluía financiamentos do FMM. A segunda é a definição de um plano de negócios da Petrobras que permita aos estaleiros compreender suas opções após 2017, quando as entregas de navios começam a provocar vazios na produção. A terceira é enfatizar a legislação que determina que o transporte de carga na costa brasileira é exclusivo de navios construídos no Brasil.

Portogente - Em relação ao mercado internacional, como vem atuando o setor em relação à exportação, qualificação de mão de obra e intercâmbio tecnológico?
Rocha - A construção naval brasileira apresenta uma grande integração com grandes empresas internacionais, estaleiros e fornecedores de equipamentos e sistemas. No momento a principal missão dos estaleiros é atender uma parcela da demanda por navios e plataformas de produção de petróleo. A formação e qualificação de recursos humanos é uma ação permanente realizada através de instituições de ensino públicas e privadas e realizada nos estaleiros.

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