Muitos jovens pensaram, ao menos uma vez na vida, em um dia pilotar um helicóptero. Ou no mínimo poder voar em um deles... Quem não fica admirado ao ver uma aeronave pairando no ar? A sensação de liberdade proporcionada pelo helicóptero exerce mesmo um poder de fascinação.
Nesta operação Unitas da Marinha do Brasil, pudemos comprovar que a vida de piloto é realmente atraente. A bordo da fragata Rademaker, contamos durante os 10 dias de comissão, com a presença de alguns pilotos do Esquadrão HA-1. Profissionais exemplares e extremamente sérios dentro da aeronave.
Mas, caro leitor, devo confessar que em terra... são figuras simpáticas e divertidíssimas. Imagine uma turma que consegue roubar a cena com suas histórias e casos?
Um dos responsáveis por boa parte das risadas dos oficiais é o chefe de manutenção do Esquadrão, o comandante André Luiz Trindade Gomes, 35 anos de idade e 19 de Marinha. Quem o vê arrancando gargalhadas não imagina como consegue se concentrar durante um vôo. Ele garante que o comportamento profissional é lapidado desde cedo. "Todo mundo dentro da aeronave é praticamente igual. Você é formado para ser padronizado. Dentro do helicóptero a pessoa extrovertida e a calada são iguais. A personalidade não deve aflorar dentro do cockpit", explica. Quem desvia do perfil psicológico de determinado Esquadrão pode ser afastado para outro ou ainda voltar a ser oficial. Quem se arrisca?
Detectar o inimigo e destruí-lo
Em 1995, a Marinha substituiu as aeronaves SAH-11 Lynx pelo AH-11A, conhecido no meio aeronáutico como Super Linx. Na ocasião, o Esquadrão recebeu uma missão mais abrangente e teve sua designação alterada para Primeiro Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque.
Entre as suas principais tarefas estão a de esclarecimento, ataque a alvos de superfície, acompanhamento de alvos, ataques vetorados a alvos submarinos, entre muitas outras funções secundárias. O Super Lynx é um vetor de armas do navio. Pode carregar míssil, torpedo e bombas.
O símbolo
O Lince (Lynx) é um mamífero que, segundo os mais antigos, é dotado de uma visão mais penetrante que a de qualquer outro animal predador noturno. Por este motivo foi escolhido como símbolo deste Esquadrão.
Olhos de lince
Voar à noite, sem dúvida requer mais atenção e concentração. O referencial que é a linha do horizonte se perde em condições não-visuais, o que acaba dificultando o vôo. Aos pilotos resta confiar nos equipamentos.
O chefe de operações do Esquadrão, o comandante Fabrício Fernando Nazareth Duarte, 35 anos, conta que voar à noite é se deparar com escuridão total. "As coisas acontecem muito rápido. As reações devem ser rápidas e padronizadas. Somos treinados para não extravasar a emoção ou sequer ultrapassar a razão. Tem que ser frio".
O comandante Fabrício é daqueles profissionais competentes. Autocrítico e de personalidade forte, transmite segurança para toda a equipe. Em terra, é obrigado a escutar piadas dos seus colegas. "Ele é temido no Esquadrão pelos mais modernos, todos têm medo dele", brinca Trindade. Pois estas virtudes o levaram a receber um convite: a partir de 2006 vai comandar um Esquadrão em Manaus.
Quem também está em busca de uma melhor colocação é o capitão-tenente Antônio Augusto Gomes Vaz. Teve a oportunidade de ser avaliado durante a Unitas para ascender a COA (comandante operativo da aeronave), ou seja, a 1P. Num helicóptero a equipe é formada por dois pilotos, o 1P (operativo) e o 2P (tático), além do fiel (responsável pela inspeção e segurança da aeronave). Ao contrário dos automóveis, o piloto que comanda o vôo fica do lado direito da aeronave.
Aos 32 anos, o capitão Augusto define um bom piloto. "Ele deve ter maturidade, ser tranqüilo e calculista. O HA precisa de um piloto um pouco mais arrojado. São missões mais arriscadas e que exigem coragem”.
Se depender de torcida, ele já conseguiu!