Motivos vão desde relação estoque x demanda, na entressafra da cana-de-açúcar, até a nova rodada de aumento do ICMS prevista para fevereiro de 2025
A Central de Monitoramento da Associação Núcleo Postos Ribeirão Preto, que reúne cerca de 100 revendedores da cidade e região, apurou nova tendência de alta no preço dos combustíveis. Entre os dias 6 e 14/1, o litro do etanol acumula alta média de 5%, das usinas para as distribuidoras, e essa variação chegou aos postos revendedores. Com isso, o aumento já começou a ser repassado para as bombas, conforme a chegada de novas remessas com o preço maior.
A projeção é de que o preço deva subir, em média, R$ 0,20 centavos por litro, para o etanol e haverá reflexo no preço da gasolina que possui 27% de etanol em sua composição.
Segundo Fernando Roca, presidente da Associação Núcleo Postos RP, “Ainda estamos na entressafra da cana-de-açúcar, período em que as usinas interrompem a moagem para fazer a manutenção de seus parques industriais. Para garantir o fornecimento ao mercado, nesse período, as usinas utilizam o etanol estocado. O que está acontecendo é que a demanda continua alta, nos postos, e os estoques estratégicos estão diminuindo. Para garantir o fornecimento, as usinas tiveram de aumentar o preço para as distribuidoras gerando um efeito cascata que alcança o bolso do consumidor, na ponta”, explica.
Fernando Roca, presidente da Associação Núcleo Postos Ribeirão Preto.
Foto Divulgação
Câmbio
Ainda de acordo com Roca, outro fator que tem ajudado a puxar o preço do etanol é a cotação do dólar, atualmente acima de R$ 6,00. “Isso fez a exportação de açúcar ficar mais rentável para o setor sucroenergético. Com isso, as usinas passaram a produzir mais açúcar e menos etanol, o que contribui para a diminuição do estoque do biocombustível”, explica.
Mais aumento
E, se não bastasse o impacto das circunstâncias de mercado, no próximo dia 1º de fevereiro de 2025 está prevista mais uma rodada de aumento nas alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), sobre os combustíveis, aprovada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Para a gasolina, está prevista cobrança de quase 10 centavos a mais, passando dos atuais R$ 1,3721 para R$ 1,47 por litro, aumento de 7,14%. Já para o diesel e o biodiesel, a alíquota de ICMS subirá de R$ 1,0635 para R$ 1,12 por litro, acréscimo de 5,31%.
Defasagem
Outro alerta importante é sobre a defasagem dos preços dos combustíveis praticados no Brasil em comparação com o mercado internacional. Números da ABICOM (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) mostram que, nesta terça (14/1), o índice de defasagem estava em -14% por litro de gasolina (-R$ 0,40), e em -24% por litro de diesel (-R$ 0,84), nos polos da Petrobrás. “Tanto a variação cambial quanto o aumento do preço do petróleo no mercado internacional, exercem grande pressão sobre os preços aqui no Brasil. Resta saber até quando a Petrobrás vai conseguir bancar essa diferença. Enquanto isso orientamos o consumidor a pesquisar e abastecer seu veículo em um posto de confiança. Importante ficar atento à regra de paridade: se o preço do litro do etanol corresponder a no máximo 70% do preço do litro de gasolina, será mais vantajoso abastecer com etanol”, finaliza.