Durante o 1º Fórum Vou de Túnel de Mobilidade Urbana, ministro Tarcísio de Freitas reforça que o túnel imerso é única alternativa viável para a ligação seca entre os municípios
A Campanha Vou de Túnel, em parceria com a União dos Vereadores da Baixada Santista (UVEBS), promoveu, no dia 18 último, o 1º Fórum Vou de Túnel de Mobilidade Urbana. Em sua participação no seminário, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, reiterou que o túnel imerso é a alternativa escolhida pelo Governo Federal para a ligação seca entre Santos e Guarujá e será viabilizada financeiramente por meio do processo de desestatização do Porto de Santos, que deve ocorrer até o final do ano.
Fórum realizado em Santos, no dia 18 último, atraiu público diversificado. Crédito: Divulgação do evento.
Freitas explicou que o vencedor do leilão de desestatização pagará a outorga garantindo o Valor Presente Líquido da obra do túnel imerso e gerando segurança jurídica para os investidores. “Uma parcela da outorga será destinada para a obra do túnel imerso entre Santos e Guarujá e para mais duas obras de mobilidade na Baixada Santista. A Saúde financeira da ligação seca será garantida pela outorga do Porto de Santos”, garantiu o ministro.
O debate técnico contou com a presença de especialistas e autoridades e abordou esse pleito centenário da população da Baixada Santista e com impactos em todo o país. Durante o Fórum, foi apresentada a modelagem da atualização da ligação seca por túnel. O objetivo do seminário foi ampliar a discussão sobre a importância da obra e seus impactos no desenvolvimento portuário e na mobilidade urbana da região da Baixada Santista. “Se existe esse movimento e engajamento é porque há esperança. O túnel imerso entre Santos e Guarujá deixará de ser um sonho e se tornará uma realidade, assim como a melhoria da mobilidade urbana na região. Com a sociedade civil unida, tenho certeza de certeza que o túnel dará certo”, ressaltou Tarcísio de Freitas.
O Secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Diogo Piloni reafirmou o entendimento do Governo Federal de que o túnel imerso é a única alternativa para a ligação seca. Segundo ele, apenas a obra imersa atende tanto os interesses da sociedade, com melhoria da mobilidade urbana, quanto o incremento da operação portuária no Porto de Santos, que corresponde a um terço do comercio exterior no país.
“O túnel é a solução não apenas para a demanda logística do porto, com transporte de cargas, mas também de mobilidade urbana, com interferência direta na qualidade de vida das pessoas da região. Especialmente, se observarmos o impacto no canal de acesso, o coração do porto. Temos absoluta convicção de que apenas o túnel atende às necessidades da região nesse sentido. Trata-se de uma pauta estratégica para o país”, disse.
MODELAGEM E VIABILIDADE
O engenheiro naval, ex-presidente da Santos Port Authority (SPA) e porta-voz da Campanha Vou de Túnel, Casemiro Tércio Carvalho apresentou a modelagem da atualização da ligação seca por túnel, com foco nos aspectos técnicos, traçado, custo estimados, benefícios socioambientais, logísticos e econômicos.
Segundo ele, além de não criar obstáculo físico no canal e garantir a segurança na travessia, os números atestam o impacto positivo da obra para a sociedade. “A via atenderá mais de 40 mil pessoas por dia e o trajeto será feito em menos de cinco minutos, o que representa um grande avanço para a mobilidade urbana. Com uma distância de apenas 854 m e localização estratégica, a obra é também a opção mais econômica”, defende.
Carvalho destacou que o túnel imerso é a única opção que preserva a relação Porto-Cidade e detalhou os modelos previstos para a implantação da obra. O primeiro é a inserção da obra no processo de desestatização do Porto de Santos, anunciada oficialmente pelo Governo Federal. Neste cenário, a concessionária cria uma empresa aporta o VPL do projeto e o Governo faz uma nova concessão com outra natureza de empreendedor, especializado em construção de túneis. O investimento total previsto na privatização é de R$ 18,55 bilhões.
De acordo com ele, a outra forma de encaminhamento da obra, caso o processo de desestatização não avance como previsto, seria a concessão de Subsidiária da Autoridade Portuária Pública. Neste formato, a SPA cria a empresa e aporta o menor valor demandado no leilão da concessão do túnel.
“São previstos apenas cinco anos para a conclusão da obra do túnel. Estima-se a criação de mais de três mil empregos diretos apenas na área de construção civil. Os municípios de Santos e Guarujá precisam se preparar para esse momento e para receber esse tipo de investimento”, afirma.
O presidente da SPA, Fernando Biral, garantiu que a autoridade portuária tem condições de viabilizar economicamente o projeto do túnel imerso, independentemente do processo de desestatização do Porto de Santos.
“A SPA apresentou balanço anual com lucro recorde de R$ 329 milhões. Temos saúde financeira que permite entrar com recursos para viabilizar o projeto de concessão do túnel, por meio de uma Parceria Público Privada. O Poder Público precisaria alocar uma contrapartida para a viabilidade do projeto e a SPA tem condições para esse aporte. O caixa da SPA deve chegar a R$ 2 bilhões até final do ano. Com uma parcela do fluxo de caixa, podemos viabilizar o túnel. Essa opção garante a construção do túnel, independentemente da desestatização do Porto de Santos”, explica.
TÚNEIS PELO MUNDO
Em um dos painéis do seminário, o professor da USP e especialista em túneis, Tarcísio Celestino apresentou as boas práticas internacionais e os Impactos dos túneis em portos ao redor do mundo. Segundo ele, a experiência internacional mostra que não existem novas pontes em rota de navegação nos principais portos espalhados pelo mundo.
“Grandes portos de países desenvolvidos substituíram pontes por túneis nas áreas de navegação, como Roterdã e Amsterdã, na Holanda”, afirmou. Todos eles seguem as recomendações da Associação Mundial de Infraestrutura de Transporte Marítimo indicando tais soluções imersas como ideais.