O anúncio do corte nos recursos destinados ao Sistema S tem repercutido entre empresários, políticos, personalidades e, agora, entre atletas patrocinados pelo Serviço Social da Indústria (Sesi). O principal argumento é de que a redução de até 50% no valor repassado pelo governo às entidades ligadas ao Sistema S prejudicará não apenas os incentivos ao esporte, como trará impactos sociais relevantes, com prejuízo nas atividades voltadas ao treinamento profissional, pesquisa e assistência técnica e social de jovens no país. Em todo o Brasil, Sesi e Senai têm mais de mil escolas.
Apontado como o segundo melhor atleta do país no triathlon paralímpico, Ivanildo Vasconcelos participou de seis paraolimpíadas com apoio e patrocínio do Sesi, conquistando cinco medalhas.
"Também estudei nas unidades do Sesi, onde tive condições de concluir os estudos e, hoje, sou concursado, funcionário público federal", acrescenta Ivanildo.
Uma das plataformas de patrocínio sob o risco de corte é Programa Atleta do Futuro, que promove formação e cultura esportiva, gratuitamente, para crianças e jovens de 6 a 17 anos. Só em São Paulo, o programa atendeu em 2017 aproximadamente 100 mil alunos em 187 municípios, com mais de 25 modalidades.
Base para formação profissional
Entre os talentos descobertos no programa, a nadadora pernambucana Joanna Maranhão. Ela diz que foi em seus tempos de Sesi que conseguiu, pela primeira vez, comprar o primeiro maiô de competição, investir mais na carreira e fazer viagens internacionais.
"Sempre esteve presente na minha vida e, principalmente, quando sai da base para me tornar profissional, foi o apoio do Sesi que foi crucial para isso", afirma. Para a atleta, o S da sigla é sinal de resistência para jovens do país.
"Local que tem acesso a esporte, cultura, a arte de qualidade e sem ser muito caro, acessível para a maioria da população. É a democratização do que é direito de cada cidadão e deveria ser promovido pelo estado", pondera Joana.
Treinador da Joanna, João Reinaldo Costa Lima, o Nikita, diz que nunca alcançariam o resultado obtido sem apoio do Sesis regional e nacional. "Tivemos apoio extraordinário e com esse apoio conseguimos formar uma grande equipe que foi campeã no estadual, norte e nordeste, e uma das melhores equipes do país", lembra Nikita.
A também nadadora Paula Baracho ressalta a importância dos incentivos são fundamentais para o desenvolvimento do esporte. "A natação e outros esportes, sem a ajuda desses órgãos que podem ajudar, não vão a lugar nenhum", observa.
‘Facada’
Indicado para liderar a Secretaria Especial da Receita Federal no próximo governo, o economista Marcos Cintra garantiu que deve ser definido em janeiro como será o corte de repasses para o chamado Sistema S. Na segunda-feira (17), o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou, em evento com empresários no Rio, que teria de "meter a faca no Sistema S". A facada seria entre 30% e 50%.
O Sistema S é formado por nove entidades, que, embora privadas, são mantidas por contribuições compulsórias pagas pelas empresas ao governo. As alíquotas variam em função do tipo do contribuinte, mas os percentuais vão de 0,2% a 2,5% e incidem diretamente sobre a folha de pagamento.
Com os cortes, Sesi e Senac estimam que 300 escolas serão fechadas e 1,2 milhões de trabalhadores ficarão sem serviços de assistência em saúde prestados pelo Sesi
