Quinta, 25 Abril 2024

Com quase 23 mil hectares de Mata Atlântica, a Reserva Natural Vale (RNV), mantida pela Vale em Linhares, no norte do Espírito Santo, poderá ajudar o Brasil a atingir a meta de reflorestar 12 milhões de hectares até 2030. A meta foi assumida nas negociações do chamado Acordo de Paris, em 2015, que visa limitar o aumento do aquecimento global em menos de dois graus. O reflorestamento pode se tornar a principal medida para retirar bilhões de toneladas de CO2 da atmosfera. E é aí que entra a RNV. A área é a única do país que mantém há mais de 40 anos estudos sobre silvicultura e restauração florestal por meio do cultivo de espécies nativas, com dados coletados anualmente. As informações têm despertado o interesse de pesquisadores e de ONGs que trabalham com reflorestamento.

Vídeo história
* Clique aqui para assistir ao vídeo da Vale sobre a Reserva Natural Vale

Em 2018, a Reserva completou 40 anos como área oficialmente destinada à conservação. Para marcar a data, a Vale produziu uma série documental especial, com quatro episódios, que fala da história, da política de proteção da biodiversidade, das pesquisas e do uso público do espaço. O primeiro filme conta como a área foi formada e traz a última entrevista do engenheiro Eliezer Batista, ex-presidente da Vale, falecido no dia 18 de junho. O vídeo já está disponível na página do V.Doc no vale.com e no youtube.com/vale.

A RNV mantém mais de 100 experimentos de espécies nativas, como jacarandá, peroba-amarela e jequitibá-rosa, que podem ser usados em projetos de reflorestamento, tanto para fins comerciais quanto para proteção. "Uma pesquisa de longo prazo pode ajudar o governo brasileiro a cumprir as metas do Acordo de Paris. E os dados da silvicultura de espécies nativas que podem subsidiar o cumprimento dessas metas estão vindo, hoje, da Reserva", afirma o engenheiro agrônomo Samir Rolim, um dos editores do livro Silvicultura e Tecnologia de Espécies da Mata Atlântica. Lançado este mês, o livro traz dados de 35 espécies nativas da Reserva Natural Vale, como crescimento das árvores e aproveitamento da madeira e da biomassa.

O trabalho científico contou com o apoio da World Resources Institute (WRI), que em parceria com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) transformou a RNV em um dos seus principais campos de estudo sobre silvicultura de espécies nativas no Brasil. As duas organizações criaram, em 2015, o Projeto Verena (Valorização Econômica do Reflorestamento com Espécies Nativas), cujo objetivo é demonstrar a viabilidade técnica e econômica da restauração e do reflorestamento com espécies nativas em larga escala, destacando os benefícios sociais e ambientais da atividade.

A RNV é resultado da compra pela Vale de 102 propriedades entre os anos 1950 e 1970 com o intuito de constituir uma reserva futura para fabricação de dormentes. Na época, havia uma preocupação de que houvesse falta de matéria-prima para a fabricação de dormentes necessários à duplicação da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). A ordem para a compra das fazendas partiu de Eliezer Batista, então superintendente da EFVM. No livro Conversas com Eliezer (editora Insight), o engenheiro revela que a reserva de dormentes era um subterfúgio para manter parte daquela mata ao norte de Linhares livre da intensa devastação.

"Para obter a aprovação da diretoria da Vale do Rio Doce, precisamos dizer que as árvores se destinariam à produção de dormentes para estradas de ferro. Fiquei na Vale do Rio Doce por um longo tempo e nunca se tirou um dormente sequer daquela floresta. Mas, para isso, foi necessário usar um subterfúgio, caso contrário a aquisição da floresta não seria autorizada. Pecadilho que assumo como bondosa travessura e relembro com uma boa dose de satisfação, não pelo meu arroubo de voluntarismo do passado, mas sim pela confirmação do acerto da decisão", afirmou Eliezer.

A ideia da reserva de dormentes, de fato, foi abandonada por questões econômicas. No fim dos anos 1960, a Vale decidiu investir em reflorestamento para fins industriais (papel e celulose) em áreas ao longo da EFVM, nos estados do Espírito Santo e de Minas Gerais, usando para isso a RNV como laboratório de pesquisa. Datam daquela época as primeiras conversas sistemáticas entre ambientalistas e técnicos da empresa.

"A escolha de área protegida foi muito importante e eu acho que isso ocorreu por causa da aproximação de alguns pesquisadores que estavam começando a pensar em conservação. Eles se aproximaram da Vale e a Vale se aproximou deles", conta Ariane Luna Peixoto, botânica do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que dedicou alguns anos de sua vida a pesquisas na Reserva. Em 1978, a RNV foi destinada exclusivamente à conservação e à pesquisa científica de fauna e flora, em uma iniciativa inédita no Brasil, reconhecida pelo então Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), órgão sucedido pelo Ibama.

Segundo o especialista em Biodiversidade da Vale, Luiz Felipe Campos, a Reserva Natura Vale marca o início da consciência ambiental na Vale. "A experiência vivida ali serviu de base para o desenvolvimento da primeira política ambiental estruturada dentro da empresa, nos anos 1980", explica Campos. A primeiras trocas entre empregados da Vale e pesquisadores surgidas na RNV evoluíram para a criação, pelo então presidente da Vale, Eliezer Batista, do Grupo de Estudos e Assessoramento sobre Meio Ambiente (Geamam) em 1980. O Geamam contribuiu decisivamente para a viabilidade do conjunto de áreas naturais protegidas atualmente pela Vale ao redor da Mina de Carajás, no Sudeste do Pará.

Hoje, RNV constitui um importante remanescente de Mata Atlântica, que protege cerca de 5 mil espécies de plantas e animais deste bioma, entre os quais mais de 160 espécies ameaçadas de extinção e 64 espécies endêmicas. Por promover e disseminar no seu âmbito e entorno atividades ligadas à proteção da biodiversidade, desenvolvimento sustentável e à produção de conhecimento científico sobre a Mata Atlântica, no ano de 2008, a Reserva Natural Vale recebeu o título de Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, conferido pela Unesco. O título foi renovado duas vezes, respectivamente, em 2013 e 2017.

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