Sábado, 23 Novembro 2024

O Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco, recebe nesta sexta-feira (20) uma comitiva de 24 diplomatas, como parte da missão dos Membros dos Conselhos dos Embaixadores Africanos e Árabes no Brasil, iniciada na última quarta-feira (18), no Recife. O objetivo da visita é incrementar as relações econômicas e culturais entre os países árabes e africanos com Pernambuco, tratar sobre as mudanças econômicas que podem afetar os investimentos estrangeiros no Estado e sobre o novo acordo Mercosul/Egito, que poderá abrir mercado para novos produtos brasileiros. Os embaixadores deixam o Estado no próximo domingo (22).

Em Suape, os diplomatas irão visitar as instalações do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), onde conhecerão todo o processo de produção dos navios, desde o corte das chapas até a montagem final dos blocos. Ainda na área portuária, passarão pelo Cais IV, por onde o atracadouro movimenta veículos e demais cargas diversas. Ao final da visita, conhecerão o centro administrativo do porto. Após apresentação institucional e tratativas sobre oportunidades de negócios em Suape, o grupo retornará ao Recife.

A movimentação de produtos entre Suape e os países árabes e africanos ainda é pequena frente ao cômputo geral. Em 2016, dos 22,7 milhões de toneladas que chegaram ou saíram do porto pernambucano, apenas 881 mil tiveram essas nações como origem ou destino. Em 2017, até o mês de agosto, foram 504,2 mil toneladas do total de 14,5 milhões movimentados esse ano. Os países de onde Suape mais trouxe mercadorias esse ano foram Argélia, com 186,4 mil toneladas, e a Arábia Saudita, com 118,4 mil. Na exportação, os destaques foram Angola, com 26,3 mil, e Marrocos, com 16,1 mil toneladas. Os produtos principais são cargas em contêineres e combustíveis.

Em abril deste ano, no entanto, Suape deu um passo importante para incrementar essa relação. Durante a 23ª Intermodal, feira internacional de logística realizada em São Paulo, o atracadouro pernambucano assinou um convênio de colaboração com o Porto de Las Palmas (ESP). Localizado nas Ilhas Canárias, o porto espanhol é porta de entrada para o mercado africano devido à sua localização estratégica (costa noroeste da África). Em maio, seu presidente, Luis Ibarra Betancort, visitou Suape e reafirmou o interesse em explorar a parceria para o crescimento das relações entre África e América do Sul.

Também em maio, Suape recebeu a visita da embaixadora dos Emirados Árabes Unidos, Hafsa Abdulla Mohamed Sharif Al Ulama, que demonstrou interesse em futuras parcerias com o porto. A entrada em vigor do acordo Mercosul/Egito também é uma oportunidade que abre novas perspectivas para Suape.

Para o presidente do Porto de Suape, Marcos Baptista, a interação de Pernambuco com o bloco de países árabes e africanos poderá gerar uma série de benefícios para o Estado. “Há várias possibilidades de negócios que se abrem quando recebemos uma comitiva que representa tantas nações, com tantos interesses distintos. Estamos buscando, cada vez mais, diversificar nossas operações. Em breve, o terminal de açúcar estará apto para movimentar outros grãos, nossos parques de tancagem estão sendo ampliados, temos uma série de novos projetos em andamento, como o novo terminal de contêineres. Tudo isso credencia Suape para receber os mais diversos tipos de empreendimentos. Acreditamos que o porto é um dos melhores ambientes de negócios do país e a vinda da missão só ratifica essa ideia”, ponderou.

Os representantes da missão diplomática também avaliam que Suape poderá render uma série de boas oportunidades para os países que compõem o grupo. “É uma missão de via dupla, procuraremos oportunidades no Estado e também ofereceremos as oportunidades de nossos países”, afirmou o decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil e embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben. “O objetivo é iniciar um diálogo sobre interesses comuns que pode resultar futuramente em negócios para os dois lados e mais intercâmbio comercial entre o Brasil e os países da missão”, completou o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, em entrevista à Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBA).

Acordo Mercosul/Egito
No dia 1º de setembro deste ano, o Acordo de Livre Comércio (ALC) Mercosul-Egito entrou em vigor. O documento, assinado em 2010, é o primeiro desta modalidade celebrado pelo bloco sul-americano com um país do continente africano. De acordo com projeções da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), aproximadamente 63% das exportações brasileiras para o país serão imediatamente beneficiadas com a entrada em vigor do ALC. A aplicação do acordo no Brasil somente será dada com a publicação de decreto presidencial, prevista para ocorrer em breve.

No ano passado, o fluxo de comércio entre Brasil e Egito alcançou US$ 1,8 bilhão, dos quais 78% corresponderam a produtos cobertos pelo acordo comercial. O país é importante parceiro comercial na África, ao responder por 23% das aquisições de produtos brasileiros no continente.
Em 2016, as exportações brasileiras para o Egito somaram US$ 1,7 bilhão. Entre os principais produtos vendidos ao país africano estão carne bovina (30%), açúcar (17%), milho em grão (14%) e minério de ferro (10%). No mesmo período, as importações somaram US$ 94,3 milhões. O Brasil compra do Egito, principalmente, adubos e fertilizantes (36%), nafta (10%), fios de algodão (5,8%) e produtos hortícolas (4,4%).

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