Andre Araujo é advogado e diretor do Sindicato Nacional da Indústria Eletroeletrônica (Sinaees)
O grande equívoco da política de "ajustismo" começou com Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, o último e irreparável erro da Presidente Dilma. O Plano Levy foi a ante-sala do Plano Goldfajn, ambos roteiros absurdos de má politica econômica, programas para aumentar a recessão, quando qualquer economista minimamente inteligente partiria para uma política de estímulos monetários para sair da recessão, como se faz nos Estados Unidos, União Europeia e Japão, como se faz há muito tempo em situações semelhantes e não se faz quando um Pais perde domínio sobre seu governo como a Grécia. Sem reservas, sem comida e sem combustível, a Grécia teve que aceitar imposição de uma política desastrosa que a desgraçou em oito anos de recessão, miséria e desemprego. O Brasil não é a Grécia, temos mega reservas internacionais, comida produzida internamente e combustível próprio.
Como se permitiu tal desatino desde o governo Dilma até hoje? O resultado era matematicamente previsível.
Para não parecer análise ex-post facto, escrevi um artigo aqui no blog quando Joaquim Levy começou seu plano de ajuste torto e depois escrevi 23 artigos na mesma linha sobre o plano Levy e depois sobre o plano Meirelles-Goldfajn.
Não só eu, Luis Belluzzo, Laura Carvalho, Antonio Correa de Lacerda e muitos outros "economistas não de mercado" sempre disseram a mesma coisa, até alguns de mercado, mais inteligentes, como Monica de Bolle, viram o caminho do abismo. Monica segue uma linha ortodoxa mas sabe o valor da flexibilidade em diferentes circunstâncias.
Monica sugeriu até acabar com a fatídica meta de inflação, em tom de ironia mas também como noção de realidade.
Já os "economistas de mercado", as centenas que pululam pela academia e mídia e vice versa, passando pelas consultorias, departamentos de economia de bancos, escolas moderninhas filhotes da PUC-Rio com seus gurus sempre confirmando a excelência do plano Meirelles-Goldfajn, os comentaristas globais batendo palmas ao "dream team", expressão que no contexto é uma piada macabra, um Ministro de vitrine que não entende nada de economia e um cabeção de planilha dos piores que o aquário brasileiro dispõe, que faz da moeda um totem sem saber para que, que comemora a queda da atividade econômica porque ajuda a atingir a meta de inflação e pior que tudo, que gasta dezenas de bilhões em swaps cambiais para que a inflação caia alguns décimos, como se isso fosse a solução da economia.
O fato do comando político de um País continental aceitar essa política com tal facilidade é o que de fato é assustador.
Oportunistas e malucos querem comandar a economia de um grande País mas politicos atilados não caem nesse conto do vigário. Roosevelt não era economista mas em dez dias de governo em 1933 mudou toda a politica econômica desastrosa, muito parecida com o plano Goldfajn e rapidamente implantou as recomendações de Keynes, salvando a economia americana, despejando bilhões do Tesouro para salvar milhares de empresas e bancos e criando milhões de empregos pagos com dólares novos impressos para salvar a economia através da Reconstruction Finance Corp.
Getulio Vargas também não era economista mas seu instinto direcionou o Brasil para rapidamente sair da crise de 1929.
Economia é ciência apenas em parte, mais do que ciência é bom senso e arte. Políticos de envergadura NÃO podem entregar o comando da economia a economistas. Os grandes presidentes de grandes países nunca caíram nesse engodo, de Roosevelt a Vargas passando por Juscelino Kubtschek, pode-se usar economistas mas mantendo o controle político do Ministério da Fazenda e da Autoridade Monetária. A sobrevivência do Pais é algo bem mais sério do que uma planilha que algum maluco tenha obsessão para atingir. Menem se ferrou com a paridade cambial de Domingo Cavallo e FHC quase termina seu governo em chamas com a política cambial maluca de Gustavo Franco que liquidou com as reservas internacionais do Brasil na sua obsessão de manter o Real supervalorizado, até hoje Franco acha que estava certo e o mundo errado, os cabeças de planilha são também convencidos, tem um ego altíssimo e se acham superinteligentes.
Um velho ditado que não custa repetir: "A Economia é um assunto muito sério para ser deixado para economistas". O Brasil está cometendo suicídio ao não seguir essa simples lição de sabedoria.Os economistas que não dão certo nada perdem. Eles tem um salvo conduto conhecido: Joaquim Levy e Alexandre Tombini, que liquidaram com a economia do governo Dilma estavam com as malas prontas, dias depois da queda já estavam em Washington, com empregos arranjados previamente, Levy no Banco Mundial e Tombini no FMI, foram embora sem olhar para trás, não sofreram qualquer prejuízo com a desgraça do Brasil. Tanto Meirelles como Goldfain tem raízes em outros paises, se aqui não der certo nem precisam se preocupar, o aeroporto é o salvo conduto deles, simples assim.