Gabriel Rossi, palestrante profissional em marketing, estrategista especializado na construção e no gerenciamento de marcas e reputação e diretor-fundador da Gabriel Rossi
O transporte remunerado individual de passageiros aberto ao público é atividade privativa do profissional taxista, inclusive quando a conexão entre usuários e motoristas ocorrer por meio de plataformas digitais. Esse texto que remete a um verdadeiro retrocesso, fazer parte de uma proposta alternativa que visa deixar a legalização do Uber, somente para as esferas municipais.
Porém, deixando de lado o que pode ou o que não pode, ou o que é ou não direito de uma determinada classe, quero fazer um convite para um tópico que transcende essa questão, que é a necessidade do consumo, ou seja, o que as pessoas querem. Em minhas aulas que ministro na ESPM, afirmo que nenhuma marca, projeto, classe ou empresa é maior do que o mercado.
O Uber pode até acabar no Brasil, mas a ideia, formato e a necessidade por serviços bons e que atenda a todos os bolsos, não acabarão. Surgirão outros serviços provenientes da economia colaborativa para atender as mais novas necessidades de consumo.
Infelizmente, políticos estão mostrando total miopia ao mercado e ao comportamento do consumidor contemporâneo, literalmente estão tampando o sol com a peneira. Em meio a este cenário, cabe uma reflexão: Por qual razão nenhuma articulação política acabará com a economia colaborativa?
A tendência veio para ficar, especialmente porque é regida por três grandes forças: social (as pessoas compartilham mais, por exemplo), econômica (escassez de recursos) e tecnológica (ascensão de uma geração que cresceu com a internet e se conecta com outras pessoas em proporções muito maiores do que antes).
Os taxistas ainda não perceberam que o aplicativo não deve ser considerado um inimigo. E, sim, um bom exemplo desta revolução do consumo. Em resposta ao rápido e feroz crescimento do aplicativo Airbnb, maior plataforma de aluguel de casas, apartamentos, sem ter um imóvel se quer, a rede de hotéis Marriot, embora presente em um mercado completamente distinto, deve servir como exemplo.
Ao invés de lutar contra o fenômeno, a marca agiu de forma inteligente. Ela credenciou com o selo Mariott casas de pessoas que alugavam um quarto e indicou clientes provenientes do programa de lealdade que a rede cultiva. No final de tudo, a rede negociou algo em entre 10% e 20% de participação no revenue do locatário do quarto.
Um mercado está surgindo. A ruptura continua. Empresas e profissionais ainda podem escolher em qual lado da história querem estar. E aí se incluem os taxistas. Fazer parte dessa revolução repensando modelos de negócios e fomentando essas iniciativas (encontrando uma denominador comum para o tipo de retorno que espera) ou assistir de camarote e provavelmente serem guilhotinados? É um caminho sem volta.
A briga está apenas começando.