Mário Lanznaster, presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos e vice-presidente para o agronegócio da Federação da Indústria do Estado de Santa Catarina (Fiesc)
O Estado de Direito em que está organizada a moderna sociedade humana atenuou o histórico conflito entre capital e trabalho. Hodiernamente, em face do perfil dos novos empresários e das proteções que a lei e o Estado conferem ao trabalhador, as empresas, de regra, tornaram-se comunidades de bem-estar social e progresso material.
O Brasil é um exemplo. A (antiquada) legislação trabalhista reunida na CLT e a (gigantesca) estrutura da Justiça Trabalhista servem como porto seguro aos trabalhadores e permanente tormento para os empregadores – mesmo os justos e de boa fé.
Os novos tempos são de permanentes e incessantes mudanças e transformações. Nesse ambiente, o empresário vem assumindo novos papéis: sua missão não se resume mais apenas em produzir bens e riquezas, sustentar empregos e gerar tributos, almejando o lucro como objetivo politicamente correto em face do risco imanente. O empresário atual vai muito além de seus negócios, acompanha e envolve-se com as questões da sociedade local e regional.
Os empresários são chamados cada vez mais para contribuir com o desenvolvimento local e regional sustentável, o que significa buscar a qualidade de vida nas dimensões humana, social, econômica e ambiental. Cooperar para o desenvolvimento não é compromisso exclusivo dos entes estatais, mas de todos os atores sociais. Nesse aspecto, as empresas são fatores primordiais no desenvolvimento regional pela possibilidade de gerar empregos, implementar projetos com alto grau de empreendedorismo e fomentar a distribuição de renda.
Portanto, a cidadania empresarial pode ser entendida como uma matriz que contempla basicamente os aspectos legais, econômicos, éticos e, especialmente, o auxílio à sociedade, colaborando com seu desenvolvimento sustentado e na manutenção das condições necessárias à vida. As empresas de natureza cooperativista são particularmente ativas nesse aspecto.
Se esses pressupostos são verdadeiros – e acredito que sim – é difícil entender porque há tanta gente torcendo contra o sucesso das empresas. Muitos sindicalistas fazem uma pregação virulenta contra os empregadores, instilando o ódio insensato aos empresários e empreendedores. Isso é até compreensível, pois estão encenando para seu público sindicalizado. Ocorre que muitos empregados não valorizam o emprego nem os benefícios que a empresa oferece, agem com deslealdade, torcem pelo insucesso e muitas vezes sabotam as atividades laborais.
Somente quando bate o desemprego, o status perdido é valorizado, mas, aí já é tarde. Sou de uma geração em que a lealdade entre empregador-empregado sempre foi padrão de honra.
É preciso entender que nenhum programa social oficial fará por um cidadão aquilo que faz o emprego. Programa social é auxilio transitório e precário para atender o hipossuficiente e sua família em situação de vulnerabilidade social. Emprego, ao contrário, é dignidade, é autoestima elevada, é renda, é independência financeira, é futuro....
Em uma sociedade democrática, livre e pluralista, o maior e mais eficiente programa de distribuição de renda é a geração de emprego. E quem gera emprego?