Fernando Siqueira é vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet).
Os jornais do último final de semana estamparam em primeira página que os leilões do pré-sal renderão cerca de R$ 24 bilhões para o caixa do governo. O leitor foi induzido a concluir que é um ótimo negócio para o País. Entretanto, o patrimônio que está sendo leiloado, considerando-se que o pré-sal ainda tem, segundo estudo de geólogos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), entre 50 e 100 bilhões de barris a serem descobertos, pode variar entre US$ 2,5 trilhões e US$ 5 trilhões em valor bruto, considerando a atual cotação do petróleo, cerca de US$ 50 o barril. Vale observar que os analistas internacionais sérios consideram que esse preço tende a subir em curto e médio prazos.
O açodamento do governo em cobrir o rombo nas contas públicas leva ao dilapidamento do patrimônio da União, ou seja, do povo brasileiro. Um governo sério, nacionalista, teria a visão de que é preciso pensar no longo prazo, no que esse patrimônio representa para o País e suas gerações futuras, e não usar o imediatismo de salvar um governo tampão, ilegítimo e inconsequente.
O petróleo alavancou o crescimento econômico dos Estados Unidos, da Noruega, da Inglaterra, Canadá e outros que administraram bem essa riqueza e conseguiram gerar emprego, tecnologia e desenvolvimento para o seu povo. O pré-sal pode colocar o Brasil nivelado com essas grandes potências, mas o governo Temer está barganhando essa riqueza pelo salvamento de suas lideranças envolvidas na operação Lava Jato.
Assim, a maior oportunidade que o País já teve de ter um desenvolvimento em curto prazo está sendo dilapidada em detrimento do povo brasileiro.