Dirceu Rodrigues Alves Júnior é especialista em Medicina de Tráfego e diretor de Comunicação da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet)
Não só as diferenças físicas entre o sexo masculino e feminino justificam o desequilíbrio comportamental. O metabolismo, a agilidade, os atos impensados, a pressa, a orientação espacial, a necessidade de impor condições e de se julgar o “dono do mundo” são alguns fatores que dissociam o comportamento do homem e da mulher.
Diferenças comportamentais do universo masculino e feminino fizeram com que pesquisadores da University of Virginia atrelassem o fato a condições genéticas e a ação dos estrogênios. O hemisfério direito do cérebro é emotivo e o esquerdo, analítico. Na mulher, parece haver uma conexão maior entre estes hemisférios. Daí, talvez, atitudes mais seguras, mais bem direcionadas, melhor analisadas.
O cérebro masculino é cerca de 10% maior que o feminino, o que não significa melhor desempenho intelectual, já que os testes de QI (Quociente de Inteligência) são semelhantes. Os homens são mais rápidos no raciocínio matemático e espacial, enquanto as mulheres são melhores com as palavras, com as relações humanas. Não temos dúvida que isso é uma verdade. Julgamos o homem mais genérico, pouco analítico e pouco emotivo nas atitudes e execução de tarefas. Já as mulheres, mais analíticas, detalhistas e emotivas, executando tarefas com prévio planejamento e segurança. Na direção veicular, vemos esse comportamento presente. O homem ativo, austero, exigente, dominador, agressivo, imediatista, irritado; enquanto a mulher, passiva, cautelosa, paciente, tranquila.
A agilidade, a pressa, muitas vezes a compulsão para velocidade são fatores presentes no universo masculino. Daí podermos entender que o homem, na direção veicular, tem todos os componentes para a sinistralidade. Observe que os acidentes são de médio a graves, quase sempre com vítimas. Já com as mulheres, temos mais frequentemente os acidentes leves, sem vítimas, com pequenos danos materiais.
Quem seria o melhor motorista, o homem ou a mulher? Não tenho dúvida em afirmar que a mulher desenvolve essa atividade com melhor habilidade e qualidade que o homem. Afirmo isso tendo em vista a grande sintonia entre o hemisfério cerebral que é analítico e o que é emotivo. Daí, existir contenções para execução de tarefa com risco. Ela é portadora de todo o perfil ideal para execução dessa tarefa. Basta vermos os dados estatísticos de acidentes de trânsito que vamos concluir que a mulher é dotada de características próprias para enfrentar a direção veicular e o trânsito.
É ela que mais respeita a sinalização, raramente comete ato inseguro e se sai muito bem diante de condição insegura. Já o homem, de raciocínio rápido e com boa orientação espacial, é capaz de exageros com relação à agilidade, o respeito à sinalização, torna-se mais competitivo, detém uma direção ofensiva e chega ao acidente de média e grande proporção com muito mais facilidade.
A mulher, pelo que apresentamos, é realmente mais lenta com relação à orientação espacial, mas isso não desvaloriza a seguridade que ela porta e, por isso, a caracterizo como uma excelente operadora de máquina sobre rodas.