Segunda, 25 Novembro 2024

José Roberto Vieira Junior é pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

Nos últimos cinco anos Rondônia vêm se destacando no cenário nacional de café, com sucessivos incrementos de produção. Isto se deve, entre outros fatores, à introdução de novas tecnologias, como a de materiais clonais mais produtivos. Conectada a esta nova realidade encontra-se o setor de produção de mudas, que primeiro passou por todos os desafios e dificuldades de substituir a produção seminal de mudas pela clonal. Agora, novamente o setor é posto à prova.

A cafeicultura rondoniense se depara com um novo inimigo e velho conhecido: o nematoide das galhas do cafeeiro. A doença, causada pelos nematoides do gênero Meloidogyne spp., pode provocar enormes prejuízos à lavoura, reduzindo a produção e, uma vez instalado nas lavouras, sua erradicação é quase impossível. Assim, dentre as medidas recomendadas para mitigar a sua disseminação, está a produção de mudas livres do patógeno.

Nesse sentido, o governo estadual elaborou, em parceira com diversas instituições que compõem a Câmara Setorial do Café, dentre elas a Embrapa, e publicou a Portaria n. 558/2016, da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron), que regulamenta os requisitos fitossanitários para produção, comercialização, trânsito, armazenamento e utilização de mudas de café. A legislação foi publicada no Diário Oficial em janeiro de 2016 e os viveiristas e produtores de café tiveram seis meses para se adaptarem a ela.

A partir de agora, toda e qualquer venda de mudas de café necessitará estar acompanhada de análise oficial das mudas, realizadas em laboratórios credenciados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), dando garantias ao comprador de que as mudas estão livres do patógeno. Além disso, os viveiristas precisarão ter um responsável técnico habilitado para a liberação dos lotes de mudas.

Como antes, toda a cadeia produtiva do café acredita na capacidade dos viveiristas de Rondônia para superar esse novo desafio, na busca incessante da produção de café com qualidade da muda à mesa.

Nematoides
São pequenos vermes microscópicos que atacam as raízes do cafeeiro, tornando as plantas fracas e improdutivas, dificultando a absorção de água e sais minerais, causando morte das raízes, queda das folhas, diminuição da produção e, eventualmente, até a morte das plantas.

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