Sábado, 04 Mai 2024

Rodrigo Medeiros é professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes)

O fenômeno global da crise se manifesta de forma geográfica diferenciada. Em “Estado de crise” (2014), o sociólogo Zygmunt Bauman disse que estamos sob o domínio das brumas da incerteza, na medida em que os cidadãos acreditam cada vez menos que os governos sejam capazes de cumprir suas promessas. No interregno, o novo não consegue nascer porque o velho não morreu completamente.

A proximidade da crise, que repercute nas angústias das pessoas, deve ser objeto de cuidados no campo analítico. Não discutirei o mérito do movimento dos policiais militares. Compreendo que a busca do diálogo para melhorar as condições gerais de trabalho faz parte da democracia, porém há responsabilidades quando um profissional assume determinados compromissos de carreira. Esse episódio traumático deve ser analisado com responsabilidade para o aprendizado.

Nesses dias de caos, busquei ler alguns artigos de opinião. Alguns chamaram a minha atenção. Vitor de Angelo, na Gazeta (9/2), por exemplo, destacou que a “marca da conjuntura atual é a crise no serviço público como um todo, e não uma crise na segurança pública, em particular”. O professor questionou as “fragilidades” do ajuste fiscal, no sentido de que o mesmo, por si só, não ser capaz de garantir serviços públicos melhores. Não pretendo polemizar, pois reconheço que há limites para se fazer mais com menos.

Tenho buscado escrever, neste espaço, sobre as desigualdades sociais brasileiras e como elas afetam o desenvolvimento do nosso país. O Brasil possui uma carga tributária regressiva, que pesa bem mais para os mais humildes, e a sonegação fiscal estimada é da ordem de 10% do Produto Interno Bruto (PIB). A sobrevalorização cambial crônica do real, estimulada pela política de juros altos do Banco Central, oferece uma janela de oportunidades de ganhos para poucos. Em paralelo, o setor produtivo comercializável agoniza e o alto desemprego se cristaliza como o novo “normal”. Nesse sentido, propostas de reformas que apenas busquem reduzir custos, cortando direitos do trabalhador, tendem a acirrar ressentimentos e desconfianças.

Gostaria de deixar bem claro que é importante o equilíbrio intertemporal das contas públicas, levando em conta os ciclos econômicos e a necessidade de estabilizadores automáticos. Avaliar periodicamente a qualidade dos gastos públicos é fundamental para aperfeiçoarmos efetivamente as diversas políticas públicas, que devem ser impessoais. A transparência dos gastos públicos é necessária para a discussão, assim como o permanente diálogo e o livre debate de ideias.

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