Segunda, 25 Novembro 2024

Rafael Antunes Padilha é mestrando pelo Programa de Pós-Graduação Multidisciplinar em Culturas e Identidades Brasileiras pelo Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo

A automação cada vez maior da sociedade industrial impõe limites ao desenvolvimento humano como um todo. Alcançamos a tenebrosa marca de 1% da população mundial detendo mais do que o restante dos 99%. Aceitamos este fato como quem aceita que o céu é azul: sem questionamentos ou indignação. Oito indivíduos são mais ricos que a metade da população do globo terrestre inteiro.

Inovar é necessário, não apenas para a retomada do verdadeiro crescimento e da reinvenção do estado de bem-estar social. Esta transformação estrutural profunda deve vir da captura dos fluxos econômicos e do represamento dos recursos naturais por aqueles que mais o necessitam. Aqui a antiga enxada é a resposta.

Agricultura quando bem praticada significa a manutenção e gestão dos recursos naturais. Não estou a falar das grandes traders e conglomerados alimentícios; devemos estender as mãos e trabalhar na produção de um novo conhecimento pautado na aliança entre a produção de alimentos saudáveis, naturais e acessíveis, com a manutenção dos recursos naturais como a água e o solo.

A experiência da chamada community-supported agriculture (agricultura baseada na comunidade) é um exemplo a ser explorado. Informados pela agricultura biodinâmica de Rudolf Steiner, produtores rurais e jovens inovadores atacaram diversos problemas caros às sociedades industriais. O foco na produção local e orgânica, trazendo o suporte da comunidade ao redor da fazenda ou sítio, alia-se aqui, com a reformulação da própria concepção de ocupação do espaço físico da cidade.

Economicamente, o modelo é atraente pois diminui os pesados custos de vida do trabalhador urbano e renova as práticas de mercado ao introduzir sistemas de parceria. Alguns exemplos das chamadas CSA, como no caso da Bélgica cujos produtores recebem um pagamento por cotas dos moradores, que por sua vez coletam diretamente da horta o produto que desejam dentro da sua modalidade de pagamento.

O modelo CSA é de fácil adaptação ao território urbano e pode aliviar os custos de vida, além de criar um ambiente propício aos pequenos empreendedores. Sistemas de trocas também podem ser implementados, no que conhecemos hoje por economia colaborativa.

Trazer os indivíduos cada vez mais próximos dos seus vizinhos e concidadãos, produção de alimentos naturais e fora do controle de grandes grupos é democratizar o mercado. É preciso aprender a pensar o mundo de novas maneiras, ampliar as correntes de trocas e produção, pluralizar agentes econômicos e ao gerar autonomia alimentar estaremos dando respostas sadias à crise que enfrentamos. Contra o discurso vazio da austeridade, o engajamento na economia através do reencantamento pela terra, pela comunidade e o trabalho colaborativo.

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