Terça, 03 Dezembro 2024

Luiz Gutemberg Júnior é especialista em Gestão de Negócios e administrador de empresas com habilitação em Marketing

É notória a grande necessidade de haver planejamento dentro de processos e atividades logísticas, quer sejam de apoio, suporte ou utilidades. A logística, em sua essência, pressupõe planejamento. Entretanto, a recíproca nem sempre se faz verdadeira no dia-a-dia das médias e pequenas organizações. É corriqueira a presença do Planejamento sem a mínima observância às premissas ou indicadores logísticos.

Para entendimento da relevância da logística empresarial para o planejamento estratégico organizacional, se faz preponderante o entendimento de que o planejamento estratégico é crucial para o alcance dos objetivos organizacionais como destaca Kwasnicka (1989 p. 149), onde o planejamento estratégico é entendido como o processo de tomada de decisão e a determinação de meios para o alcance dos objetivos estabelecidos para a organização. Estes caminhos são as estratégias que a organização se firmará para tornar-se perene e sustentável frente às frequentes mudanças no ambiente ao qual ela esta inserida. Onde, conforme entendimento de Cavalcanti (2011 p. 41) a estratégia é a composição de planos e objetivos traçados com uma finalidade predeterminada, para que a organização atinja os resultados convencionados, comunicados e formalizados.

Partindo deste pressuposto, entende-se que o planejamento estratégico sendo ele a determinação dos meios para o alcance dos objetivos organizacionais, ou seja, o conglomerado das estratégias organizacionais, é fator fundamental para a sobrevida da empresa em qualquer ambiente a que esta esteja inserida. Por isso além de algo formal, comunicado e aceito dentro da organização, o planejamento estratégico é a suma de como se dá a melhor maneira para o alcance dos objetivos do composto organizacional. Tendo por base as ideologias da organização alinhadas às práticas de mercado, bem como a conjuntura da qual a empresa faz parte. Todos estes pontos são destacados e contemplados dentro das estratégias organizacionais.

Essas estratégias visam conferir a empresa uma vantagem dentro do contexto mercadológico, e com isso dar a ela algo que as concorrentes deste mesmo mercado não possuam. Para Lambert (1998 p.30) a logística pode ser uma fonte de vantagem competitiva para a empresa - tal como um bom produto, a promoção e a estratégia de preços. Isso é possível quando entendemos que a logística esta intrinsecamente ligada ao cerne da estratégia empresarial. Tal juízo é advindo da ideologia de que a logística existe para satisfazer os desejos dos clientes, dando relevante apoio as áreas de produção e marketing (BOWERSOX 2001), sendo assim o elo que liga o produto ofertado pela organização aos clientes demandante deste.

Lambert (1998 p.7) ainda assevera que a logística tem o papel de apoiar os esforços de marketing de modo a gerar um diferencial no mercado. Tal diferencial entende-se por vantagem competitiva, que dentro da estrutura do planejamento estratégico da empresa, conforme visto, perfaz o cerne do direcionamento das ações da organização. Lambert diz:

Atividades como serviço ao cliente, orçamento e controle da função logística, controle e posicionamento de inventário tornaram-se componentes importantes do processo de planejamento da empresa. Muitas empresas como Ford, Quaker, Whirpool, Nabisco e Fleming Companies concluíram que um bom sistema logístico pode resultar em melhorias na participação de mercado, níveis mais altos de rentabilidade e vantagens competitivas (Lambert, 1998 p.28).

A percepção de que grandes corporações como as citadas estão atribuindo atividades logísticas como importantes componentes para o planejamento da empresa revela que a Logística Empresarial tem de longas datas posição majoritária dentro do contexto do Planejamento Estratégico. Ferramentas como o Benchmarking e estudos de casos despontam como utensílios de apoio para que as médias e pequenas empresas adotem práticas semelhantes, a fim de, dentro de suas conjunturas e contextos, auferirem resultados positivos igualmente desfrutados pelas firmas modelo.

É de fácil entendimento a relevância do planejamento estratégico ter por base o planejamento logístico, pois este confere a organização prioridades competitivas na cadeia de suprimentos, onde, segundo o entendimento de Harrison (2003 p. 37) há:

(a) vantagem competitiva – disponibilidade do produto no mercado a um custo baixo; (b) vantagem da qualidade – realizar processos em toda a cadeia de suprimentos de modo que o produto final faça o que deve fazer.; (c) vantagem da velocidade – entregar ao cliente o desejado ao menor tempo possível, sob a luz de que estes estão dispostos a pagar um pouco mais para obter o desejado; (d) vantagem da tempestividade – entregar ao cliente o produto desejado no prazo estabelecido; (e) vantagem da flexibilidade – ser responsivo a novos produtos e mercados e a mudar a demanda do cliente, ou seja, capacidade de modificar o que está sendo feito; (f) vantagem da produtividade – produzir o desejado pelo cliente ao menor custo possível, dando a organização vantagens no mercado em preços baixos, margens altas ou ambos.

A percepção de que o Planejamento Logístico é pilar fundamental ao Planejamento Estratégico é notório, nítido e evidente, contudo, também fica claro que em determinados contextos o foco do planejamento perpassa apenas às questões financeiras, deixando sem relevância áreas como a logística que como um todo interfere diretamente no alcance do sucesso empresarial. Como visto, a ausência de uma análise completa das operações da empresa vislumbra uma deficiência na visão estratégica e com isso redunda em no mínimo perdas em produtividade e vantagens para a organização.

Em uma observação simples em dados levantados por pesquisa realizada pelo Sebrae/SP ficou relevante que na sua grande maioria as médias e pequenas empresas não aderem à prática do planejamento. Dados levantados pelo órgão em 2014 e publicados em 2015 despontam que: 60% das empresas que deixaram de existir no país o fizeram por falta de planejamento em sua matriz gerencial. Neste universo podem ser destacados que 46% destas organizações não sabiam o número de clientes que teriam nem os hábitos de consumo destes clientes, denotando assim uma não observância a uma das principais premissas da Logística, a de que tal área da organização existe justamente para atender os desejos e demandas dos clientes. Ainda pode ser observado que 37% não sabiam qual a melhor localização para o negócio e 33% não tinham informações sobre fornecedores, denotando aqui um distanciamento do que entendemos por geração de valor dentro da cadeia logística, haja vista, a falta de visão estratégica de posicionamento geográfico buscando maior interatividade entre fornecedores e clientes. Outro dado alarmante foi que 50% não definiram ações para redução de prejuízos, sendo aqui um relevante exemplificador da não utilização da logística como elemento de vantagem competitiva, sendo neste caso específico a vantagem da produtividade.

À luz de tais conceitos e observações pode-se inferir que na maior parte das organizações de médio e pequeno porte ainda não há a observância necessária à importância da logística empresarial como elemento fundamental e norteador para o planejamento estratégico. Fica nítido que não existe um planejamento prévio das ações em nenhuma das áreas da organização e como a logística tem por função apoiar todas as demais áreas da empresa, esta acaba não sendo descortinada como a engrenagem central do Planejamento Estratégico irrompendo como uma das principais causas do insucesso gerencial e empresarial.

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