Gilberto Leal é físico, consultor e membro da Comissão Organizadora do 13º Fórum SAE BRASIL de Tecnologia de Motores Diesel
Depois de muito observar o comportamento das pessoas frente aos motores diesel, posso concluir o seguinte: se de um lado esta eficiente máquina de realizar trabalhos facilita nossas vidas e melhora constantemente nossa rotina diária, de outro é uma das máquinas que mais trabalham de forma invisível ao conhecimento da sociedade moderna. O paradoxo deste conhecimento pode simplesmente posicionar estes motores como assassinos poluidores ou como salvadores de vidas.
Esta fantástica máquina térmica inventada pelo engenheiro Rudolf Diesel recebeu sua patente em 23 de fevereiro de 1893. De lá para cá, evolui continuamente e tem transformado a sociedade de forma silenciosa e abrangente.
Se nossa leitura de informações for ligeiramente direcionada para o lado bom da realidade, constataremos sem muito esforço que o Brasil já reduziu em 49% as suas necessidades de importação do Diesel S10 no ano de 2015, devido à excelente produção da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca – PE. Isto não representa somente uma vitória para a natureza e para a vida humana, que passam a respirar menos óxidos de enxofre e seus venenos, mas também uma mudança silenciosa na eficiência de processamento de petróleo e uma mudança positiva na vida da sociedade de uma área remota e distante do País.
A questão para o futuro próximo é o que mais poderemos fazer para melhorar ainda mais o Diesel S10? Até quando este excelente combustível, que começou a ser usado praticamente em 2012, continuará a ser ecologicamente correto?
Não podemos esquecer que o Brasil é um celeiro de dimensões continentais que favorece muito o uso dos biocombustíveis. Grupos de trabalho já se organizam para checar a viabilidade de aumentar a participação do biodiesel no diesel para até 15% em 2019. Muitas dessas discussões, por serem técnicas em demasia, passam longe dos olhos da sociedade. A grande questão será como compatibilizar esta quantidade de biocombustível com as novas tecnologias para controle de emissões dos motores diesel.
Haverá compatibilidade? Algum outro país também planeja usar isso? Seremos realmente inovadores ou temos mudado o combustível sem visão de longo prazo?
A eficiência energética dos motores diesel afeta silenciosamente os custos que a sociedade paga para movimentar seus bens e suas pessoas. O gasto com combustível tem a maior porção da pizza dos custos operacionais das frotas. O melhor aproveitamento da energia contida no combustível passa por melhoria do seu processo de queima. Aumento de pressão no cilindro, melhor atomização do combustível injetado, propagação de chama cada vez mais controlada são fatores primários de otimização.
Adicionalmente vem a redução de atrito e perdas internas, a redução de massa do motor e do veículo, o aumento da velocidade média e a redução do tempo de operação. Todos estes fatores conjugados corretamente ajudam a alavancar as mudanças que teremos na evolução tecnológica dos motores e veículos, que tornarão a vida da sociedade melhor.
Se a sociedade quer chegar de forma mais rápida e eficiente às benesses tecnológicas do futuro, precisa entender o presente e planejar com sabedoria os rumos e as rotas a serem seguidos. O 13º Fórum SAE BRASIL de Tecnologia de Motores Diesel, a ser realizado nos dias 23 e 24 de agosto, no Teatro Positivo, em Curitiba (PR), certamente dará a sua contribuição para desenhar este futuro mais promissor e sustentável para os motores diesel que a sociedade tanto precisa.