Terça, 05 Agosto 2025
Opinião | Maithe Morotti
Administradora especialista em Liderança Estratégica, com ênfase em Logística, Comércio Exterior e Processos Gerenciais
Maithe Morotti

Há uma distância abissal entre ocupar uma posição de liderança e, de fato, liderar. Em muitas organizações, esse abismo se tornou tão comum que já não surpreende encontrar equipes inteiras sustentadas por profissionais que operam como líderes sem nunca terem sido reconhecidos como tal, nem institucionalmente, nem financeiramente. Enquanto isso, seus superiores, protegidos pelo verniz do cargo, se limitam a ordenar, cobrar e se isentar.

A concepção ultrapassada de que liderar é mandar ainda permeia estruturas corporativas que ignoram os impactos profundos da ausência de empatia. Quando o líder não se preocupa em compreender o escopo real de trabalho de sua equipe, quando age como se cada entrega fosse apenas uma obrigação, sem reconhecer esforço, sem promover, sem sequer dialogar, instala-se uma lógica perversa. A do comando sem presença, da autoridade sem legitimidade.

Pior ainda é a desproporção entre a responsabilidade que o liderado assume, muitas vezes ocupando, na prática, o espaço da liderança, e a remuneração que lhe é oferecida. Isso perpetua uma estrutura de exploração emocional e econômica. Um esgotamento silencioso que não se resolve com campanhas de engajamento nem com discursos inspiradores em reuniões gerais.

É preciso questionar que tipo de cultura organizacional se constrói quando a chefia se exime de liderar, mas exige excelência absoluta daqueles que a sustentam. Quando o mérito se transforma em invisibilidade e a iniciativa em sobrecarga. Nesse cenário, o líder de fato não é quem tem o cargo, mas quem segura o dia a dia nas costas, sem reconhecimento, sem respaldo, muitas vezes com um salário aquém da função que exerce na prática.

Liderar é um exercício diário de escuta, presença e responsabilidade compartilhada. Quem acredita que liderar é mandar revela mais sobre sua insegurança do que sobre sua autoridade. E quem delega tudo, menos a própria função, precisa se perguntar se realmente ocupa o cargo ou apenas a cadeira.

Maithe Morotti

Administradora especialista em Liderança Estratégica, com ênfase em Logística, Comércio Exterior e Processos Gerenciais

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s

topo oms2

*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

Deixe sua opinião! Comente!