Quarta, 06 Agosto 2025
Opinião | Renata Santana
Jornalista, estrategista digital e especialista em tecnologia
Renata Santana

Substituição de empregos, desinformação, decisões enviesadas e excesso de dependência de robôs. Esses são apenas alguns dos prejuízos que o uso do ChatGPT e de outras inteligências generativas pode causar, caso não haja um uso moderado dessas tecnologias no setor de transportes nos próximos anos.

A inteligência artificial (IA) entrou em nossas rotinas de forma despretensiosa e, atualmente, vem sendo inserida em diversos segmentos que jamais imaginaríamos — e o setor de transportes é um deles.

Podemos dizer que hoje as esferas que abrangem o transporte rodoviário, ferroviário e aquaviário passaram — ou ainda podem passar — por atualizações significativas. Afinal, quando o assunto é tecnologia, tudo pode mudar a qualquer momento.

O impacto do ChatGPT e dos modelos de linguagem generativa, de forma geral, é um exemplo disso. Eles já estão presentes no dia a dia das pessoas que utilizam o setor de transportes nas grandes metrópoles do mundo.

Entre as modificações que muitas pessoas enxergam como benefícios no uso da IA, podemos mencionar o setor de atendimento ao cliente e suporte automatizado, realizado, na maioria das vezes, por meio de chatbots — utilizados nos setores aéreo, rodoviário, urbano e logístico.

Nesse caso, o ChatGPT responde dúvidas de passageiros sobre horários, tarifas, itinerários ou rastreamento de encomendas, o que acarreta a redução de custos com call centers e melhora a experiência do usuário.

Outra atualização dessa nova era tecnológica, que merece destaque, é a otimização operacional. A IA é utilizada para analisar grandes volumes de dados logísticos e sugerir rotas mais eficientes, o que diminui o tempo de entrega e previne atrasos, com base em padrões anteriores.

E a evolução não pára por aí! O ChatGPT também está sendo usado para treinamento e capacitação, atuando como um tutor inteligente para motoristas, operadores e equipes de manutenção, fornecendo orientações sobre normas de segurança, uso de equipamentos e simulações de atendimento ao cliente.

Uma mudança significativa gerada pelo uso da IA é a integração com veículos autônomos. Nesses casos, o ChatGPT pode ser integrado a interfaces de voz em carros autônomos, auxiliando na navegação, respondendo perguntas durante o trajeto e atuando como um "concierge de bordo".

Além disso, a tecnologia do ChatGPT também pode ser aplicada à gestão de frotas. Atualmente, empresas de transporte utilizam o modelo para gerar relatórios automáticos, antecipar manutenções preventivas com base em descrições de motoristas e organizar escalas e comunicações com as equipes.

Com base nesses dados, podemos afirmar que o ChatGPT já realiza inúmeras tarefas dentro do setor de transportes, e essa transição tem ocorrido de forma fluida e gradual.

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A substituição de empregos humanos já é uma realidade, especialmente devido à automação de atendimentos e funções administrativas, principalmente nas áreas de gestão e análise de dados. Tudo indica que, nos próximos anos, haverá uma redução considerável nos postos de trabalho nos setores administrativos, call centers e suporte técnico — o que pode provocar um forte impacto social em cidades ou regiões que dependem fortemente desses empregos.

Riscos do uso excessivo da inteligência artificial no transporte

O uso desenfreado de novas tecnologias pode gerar um excesso de dependência da IA, especialmente se as grandes empresas do setor de transporte optarem por depender totalmente de sistemas automatizados para a tomada de decisões críticas.

Esse tipo de ação pode levar a falhas técnicas, bugs ou interpretações equivocadas dos modelos, resultando em atrasos ou decisões incorretas. Ou seja, seria um verdadeiro caos.

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A desinformação e as decisões enviesadas também são preocupações importantes. Caso a tecnologia não seja devidamente treinada e supervisionada, problemas como a disseminação de informações incorretas e o viés contra certos grupos de usuários, regiões ou padrões de comportamento podem surgir.

Outro ponto que merece atenção diz respeito aos riscos à segurança relacionados ao uso de chatbots e outras modalidades de IA. Vale lembrar que o ChatGPT não é uma IA embarcada e não foi projetado especificamente para controle de veículos. O uso incorreto em veículos autônomos ou assistentes de bordo pode causar falhas de comunicação, distrações ou até acidentes. Para evitar isso, é essencial que a IA seja complementada por sistemas técnicos especializados e certificados.

Reflexão final: o uso da IA deve ser racional e estratégico

Se você é a favor da era tecnológica e tem um perfil analítico como o meu, provavelmente também se pergunta: como um movimento que veio para resolver, pode, como num passe de mágica, atrapalhar o que já funcionava? E sim, isso é um fato.

A adesão da inteligência artificial em alguns setores já é uma realidade. No entanto, o uso da IA precisa ser consciente. Acredito que o mais prudente é analisar racionalmente os prós e contras, antes de realizar automatizações indiscriminadas.

Pouco se fala, por exemplo, que o uso mal gerido do ChatGPT pode gerar problemas de privacidade e uso indevido de dados, processando informações sensíveis de clientes e trajetos, o que pode expor vazamentos de dados pessoais, logísticos ou estratégicos.

E isso sem entrarmos nas questões éticas e regulatórias. A falta de regulamentação clara sobre o uso da IA generativa no transporte pode facilitar o mau uso por empresas e a falta de responsabilização em caso de falhas.

Renata Santana

Jornalista, estrategista digital e especialista em tecnologia

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