Sexta, 22 Novembro 2024

Agronegocio artigo* Mauricio Moraes - Sócio e líder da indústria de Agribusiness da PwC Brasil e Fabio Pereira - Gerente sênior e especialista em Agribusiness da PwC Brasil

O agronegócio brasileiro tem sido responsável por mais de um quarto do Produto Interno Bruno (PIB) do país nos últimos anos e deve continuar nesse patamar, segundo projeções da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) para o ano de 2021.

Outro indicador, o Valor Bruno da Produção Agropecuária (VPB) de 2022, com base nas informações de janeiro, deve ser de R$ 1,204 trilhão, 4,3% maior em relação ao ano passado (R$ 1,154 trilhão). O crescimento do valor das lavouras foi de 10,3% e a pecuária teve retração de 8,6%. A contribuição das lavouras ao VBP é de 72%, e da pecuária, 28%. Um conjunto amplo de produtos mostra contribuição favorável para o crescimento da agropecuária neste ano. As expectativas de produção são boas em geral, e os preços são favoráveis para muitos produtos, como algodão, café, amendoim, cana-de-açúcar, laranja e milho. Com resultados menos favoráveis, a pecuária apresenta uma retração no crescimento, observada em carne bovina, frangos, suínos e ovos. As retrações mais fortes ocorrem em carne suína e de frango, com preços em nível mais baixo do que em 2021.

Com este cenário 77% dos empresários do agronegócio brasileiro estão otimistas em relação à economia global. Isso é o que mostra a 25ª CEO Survey, pesquisa realizada pela PwC há 25 anos e publicada em janeiro de 2022. Os executivos também foram questionados em relação às perspectivas de crescimento para as empresas nas quais são gestores. Para 74% dos líderes do agronegócio as receitas de suas organizações irão crescer nos próximos 12 meses. A porcentagem é consideravelmente maior se compararmos com a média nacional (63%) e mundial (56%). O otimismo para o agro cresce para 80% quando olhamos o prazo de 3 anos. Isso demonstra que o setor continuará a se desenvolver, apesar dos desafios, trazendo novas oportunidades e continuando a ocupar o papel de protagonista na economia do Brasil.

Estados Unidos e China são os mercados mais relevantes para o setor do Agronegócio na visão dos executivos. Ambos foram citados respectivamente por 63% e 60% dos líderes do segmento respondentes da pesquisa, refletindo a importância que possuem, tanto como mercados compradores dos produtos agropecuários brasileiros, quanto exportadores de matérias-primas e insumos para a produção.

A pesquisa também abordou os principais riscos que podem impactar negativamente os negócios na visão dos executivos. Em nível Global, as principais ameaças são riscos cibernéticos (49%) e riscos à saúde (48%) e para o Brasil são instabilidade marcoeconômica (69%) e riscos cibernéticos (50%). Já quando destacadas as respostas do agronegócio brasileiro, é interessante observar que a primeira ameaça é a instabilidade macroeconômica (57%) e em seguida as mudanças climáticas (50%), o que é explicado visto que a agropecuária é um dos segmentos mais vulneráveis às mudanças de clima e temperatura no planeta.

E sabendo dos impactos que as mudanças climáticas podem ter no agronegócio, a proporção de empresas com compromissos net zero e carbono neutro supera a média brasileira. Perguntados se sua empresa tem compromisso net zero, 37% do agro responderam sim, comparado com 27% da média brasileira e 22% da global. Quanto ao compromisso de carbono neutro, o valor é ainda mais expressivo, com 47% das empresas do agro respondendo sim, comparado com 31% da média nacional e 26% da global.

Esses resultados demonstram que os líderes do agronegócio estão preocupados com os impactos das mudanças climáticas e ao mesmo tempo, estão cientes das suas responsabilidades ao assumirem compromissos de descarbonização e adotando práticas sustentáveis em suas estratégias e modelos de negócios.

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*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

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