Sábado, 23 Novembro 2024

Paulo Exel* Administrador de empresas com MBA em Gestão Estratégica de Negócios e Certificação Profissional em Coach. 

Recentemente, o TikTok, plataforma de vídeos que faz sucesso em todo o mundo, lançou o TikTok Resumes, que estimula a criação de currículos em forma vídeo, permitindo que os candidatos mostrem suas habilidades e experiências de modo mais autêntico e criativo. Por enquanto, a novidade está restrita às vagas oferecidas por empresas norte-americanas. E, embora ainda não haja previsão de termos o formato por aqui, o assunto já tem dado o que falar. O que você acha da ideia? Você toparia fazer seu currículo nesse formato? Darei minha visão de especialista, combinado?

A ideia é interessante porque evidencia competências como a habilidade de se comunicar, a intimidade com a tecnologia e até mesmo características mais subjetivas – como capacidade de falar em público – que seria impossível expressar em um currículo de texto. Além disso, acho interessante que o formato de vídeo permita que o profissional faça um pitch, vendendo suas principais competências. Contudo, na minha opinião, ele deve ser utilizado apenas em etapas específicas do processo seletivo, como um complemento e não como uma substituição ao currículo tradicional. Além disso, recomendo fortemente que - ao chegar ao Brasil - os candidatos avaliem se esse tipo de formato tem fit cultural com as empresas que estão se candidatando.

Dito isso, recomendo que todo profissional mantenha o seu currículo sempre atualizado e foque em algumas questões que podem até parecer detalhes, mas com toda a minha bagagem no mercado de recrutamento e seleção, posso dizer com toda a certeza que fazem toda a diferença na hora de buscar uma vaga. Primeiramente, o candidato precisa ter em mente quem irá receber o material. Na maioria das vezes, o recrutador não tem conhecimentos técnicos tão profundos sobre a área para a qual está selecionando, então, vale a regra do menos é mais. Por mais experiente que seja o candidato, o currículo nunca deve ter mais do que três páginas.

Logo nas informações iniciais, nada de colocar RG, CPF, estado civil ou se tem filhos ou não. Ali, o importante é o seu nome e contatos que, por incrível que pareça, muita gente esquece de colocar. Até endereço, atualmente, é indiferente, já que a maioria das empresas adotou o home-office. Muitas pessoas questionam se é válido colocar foto. Não considero isso relevante, afinal de contas o que mais importa são suas experiências e qualificações. Além disso, com o advento das redes sociais sua foto poderá ser localizada com facilidade.

Um ponto muito importante e que nem todos consideram é a descrição dos seus objetivos profissionais. O recrutador precisa entender se os seus anseios vão ao encontro das expectativas da empresa para a vaga. Além disso, é preciso mostrar a sua formação, evidenciando idiomas e suas certificações logo abaixo do objetivo. É quase como se você estivesse dizendo que estudou justamente para atingir aquelas metas. Caso você não tenha um bom nível de inglês ou qualquer outro idioma, procure não deixar esse quesito em evidência, mas nunca minta. Lembre-se que caso venha existir uma etapa de processo seletivo onde você tenha que demonstrar tal habilidade, isso além de te desclassificar, dependendo do nível da vaga que está concorrendo, poderá ainda manchar a sua reputação no mercado.

Depois, é hora de colocar a sua experiência profissional. Escreva sempre do mais recente para o mais antigo. Descreva a área de atuação da empresa e principalmente, as atividades que você desempenhou nelas. Faça sumários evidenciando suas conquistas e principalmente, como você era avaliado nas funções e nos projetos que entregou. Lembre-se que o mais importante é mostrar as capacidades que desenvolveu ao longo de sua trajetória profissional. Apresente informações macro. Se detalhar demais, pode ficar prolixo. O essencial é demonstrar o que te faz único e principalmente que problemas você está apto a resolver.

Incluir hobbys e trabalhos voluntários é outra dúvida comum. Tudo depende do tipo de colocação que você busca. Na prática, não existe um certo ou errado. É essencial que seu currículo conte uma história e apresente elementos que vão despertar a curiosidade para o recrutador ou o “dono” da vaga querer saber mais em uma possível entrevista. Para isso, o aspecto estrutural e visual também é importante. Dependendo da sua área de atuação, vale a pena investir em um portfólio com recursos visuais um pouco mais sofisticados.

Com um bom currículo pronto, a próxima etapa é a criação de uma estratégia para divulgá-lo. Ative a sua rede de networking, estabeleça relacionamento com um headhunter, cadastre-se em plataformas de vagas online, mas só se aplique para as que realmente fizerem sentido ao seu perfil. Nessas horas, o desespero joga contra. É preciso fazer com que as suas informações cheguem até a pessoa certa e que ela queira saber mais sobre aquela pessoa que conta a sua história em poucas palavras.

O LinkedIn também é uma grande vitrine para quem busca uma recolocação. Mantenha sua página atualizada e aposte na criação de conteúdo, usando palavras-chave e hashtags que favoreçam o alcance do seu perfil. Lembre-se que, atualmente, muitos currículos em uma etapa de triagem são selecionados por inteligência artificial, sendo relevante a adoção de recursos que possam colocá-lo em evidência. Afinal, a tecnologia tem se tornado uma aliada cada vez mais forte para quem quer um emprego, seja fazendo um currículo tradicional ou em vídeo.

Espero ter ajudado com algumas dicas simples de como reformular o seu currículo para fazê-lo se destacar em meio a multidão.

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*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

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