* CTO da Binario Cloud.
De acordo com dados do Gartner, consultoria especializada em tecnologia, o ano de 2020 vai reafirmar algumas tendências que já se intensificaram no último semestre de 2019 - entre elas, a de que 40% das tarefas de ciência de dados serão automatizadas, e que 66% dos líderes pensam que já estão transformando seus negócios. Entretanto, a mesma pesquisa revela que apenas 11% de fato estão trabalhando essas mudanças com resultados - em outras palavras, são poucos os gestores que realmente compreendem o quanto as inovações tecnológicas tendem a continuar afetando diretamente o mundo corporativo.
Muitas empresas já compreenderam como as inovações tecnológicas vão afetar financeiramente seus negócios. Observamos que o crescimento médio de receita, advinda de novos negócios de empresas que fazem investimentos em tecnologia, é de 37%, e 76% dessas organizações já relataram melhora na capacidade de alcance com os seus clientes. Por outro lado, 69% observam melhora na sua diferenciação competitiva, enquanto para alguns, esta jornada digital não se mostra no cotidiano e nos relatórios financeiros. E quem ainda não se situou em meio a este cenário, o que fazer? Antes de mais nada, é preciso compreender estas mudanças e se elas se aplicam ao universo da empresa, para então mensurar os impactos e, a partir daí, preparar-se para os ajustes.
Em termos de tendências e mudanças, o ano de 2020 promete. Quem trabalha com gestão de infraestrutura vivenciará desafios de adequação, ao mesmo tempo em que encontrará oportunidades de escalabilidade. O primeiro ponto que destacamos é que, se você ainda não iniciou um plano para atualizar sua infraestrutura e desfrutar das tecnologias emergentes da Indústria 4.0, está atrasado. Assuma de uma vez a transformação digital, e perceba como ela o ajudará a transformar os pilares da sua empresa, permitindo-lhe dar mais atenção ao seu modelo de negócio, às operações (atuando de forma mais estratégica e efetiva) e à experiência do cliente. E não nos esqueçamos da interconexão, que este ano atingirá cada vez mais os aspectos comportamentais, envolvendo o que chamamos de humano digital. Veremos em 2020 o início da consolidação de um novo modelo de trabalho, permeado pela colaboração entre homens e máquinas e a inteligência humana equilibrada à computação cognitiva.
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrará em vigor em agosto, mas há tempos demanda investimentos em armazenamento, tratamento, monitoramento e descarte de dados de titulares. Como isso vale para empresas de todos os setores, é interessante notar como esta é uma tendência positiva para o mercado corporativo, uma vez que a ordem é priorizar o investimento em segurança. E quando falamos em segurança de dados no contexto da LGPD, tratamos da forma de armazenamento das informações que são coletadas. Na prática, seu negócio precisa pensar não só em quais dados são essenciais para coleta, mas como eles serão armazenados (e a tendência, neste caso, é seguir um planejamento estruturado de backup, incluindo políticas de RPO e RTO).
Outra tendência que apontamos para 2020 é a intensificação da migração de estruturas internas para a nuvem, sobretudo por razões econômicas, já que as demandas de aplicações e cargas de trabalho modernas demandam uma infraestrutura que os data centers tradicionais não mais comportam. Segundo o Gartner, há previsão de 17% de crescimento de serviços em nuvem pública em 2020 para o mercado global, totalizando US$ 266,4 bilhões, contra US$ 227,8 bilhões em 2019. A oferta de Software como Serviço (SaaS) continuará como o maior segmento de mercado, com previsão de faturamento de US$ 116 bilhões, devido à escalabilidade do modelo baseado em assinatura, e o segundo maior segmento refere-se aos serviços de Infraestrutura como Serviço (IaaS), que chegará a US$ 50 bilhões em 2020, com previsão de crescimento de 24% por ano - a maior taxa de crescimento em todos os segmentos de mercado.
Por fim, o ano de 2020 também será marcado pela caça aos talentos. A pergunta que fica: em meio a um contexto tão dinâmico, que muda constantemente, como encontrar e reter pessoas? Da mesma forma que o mercado vivencia um crescimento influenciado pela evolução tecnológica dos últimos anos, a demanda por profissionais cresce na mesma proporção. Nossa recomendação é trabalhar uma boa comunicação com o mercado, que lhe será fundamental para atrair não só potenciais clientes, mas também bons colaboradores. Quanto à retenção, esta depende de um processo de recrutamento assertivo, que visa a sinergia natural entre empresas e indivíduos. Lembre-se: as pessoas querem (e devem) fazer parte de algo, e enquanto houver desafio e recompensa, a relação se mantém saudável e produtiva.