A atriz italiana Franca Rame, esposa e musa do dramaturgo ganhador do Nobel de Literatura Dario Fo, morreu nesta quarta-feira, aos 84 anos, informou a companhia teatral do casal.
Em mais de meio século de carreira, Rame e Fo cativaram os italianos com suas sátiras políticas apresentadas no teatro, no rádio e na televisão.
Segundo informaram hoje os veículos de imprensa italianos, uma ligação de emergência da casa da atriz foi registrada pouco antes das 9h locais (4h de Brasília) desta quarta-feira alertando sobre seu mau estado de saúde aos serviços médicos, que tentaram reanimá-la sem sucesso.
Em abril do ano passado, Franca, cuja longa doença não foi explicada em detalhes, havia sofrido um ataque que a manteve hospitalizada vários dias no Hospital Policlínico de Milão e que sua saúde se enfraqueceu.
Nascida em uma família ligada ao teatro, Rame tinha apenas oito dias de idade quando estreou sobre o palco, nos braços da mãe.
A peça mais famosa do casal, "Morte Acidental de Um Anarquista", desafiou as instituições italianas na década de 1970 ao acusar abertamente a polícia de atirar o anarquista Giuseppe Pinelli do quarto andar de uma delegacia de polícia, e depois alegar que se tratou de um suicídio.
Em outra peça, "O Mistério Bufo", a dupla recontava os Evangelhos por meio de uma série de farsas, uma impertinência que foi criticada pelo Vaticano.
Feminista e ativista de esquerda, Rame foi vítima de um brutal estupro coletivo em 1973, que Fo atribuiu a militantes fascistas dispostos a humilhá-lo.
Ao receber o Nobel, em 1997, Fo o dedicou à mulher. Ela foi eleita senadora em 2006, mas renunciou dois anos depois, por discordar das políticas do governo de centro-esquerda da época.
Fontes: iG, Terra e Correio do Brasil
