Imóveis novos, prontos para morar e de até R$ 100 mil estavam entre os mais cobiçados pelos mais de 19,2 mil visitantes do 9º Feirão da Caixa, que terminou ontem no Centro de Eventos da Fiergs, na Capital. Construtoras e imobiliárias lamentaram não ter maior estoque na faixa. A edição de 2013, que abriu na sexta, totalizou negócios de R$ 1,075 bilhão, 11% acima do evento de 2012, entre contratos firmados e o que pode ser concluído nas agências, segundo o banco. As 7.308 unidades negociadas ficaram 7,7% abaixo das 7.924 da ação anterior.
Desde 2008, quando 27,1 mil pessoas foram à Fiergs, há queda do fluxo. Os valores e volume, porém, são ascendentes. O superintendente do banco para o Leste do Estado, Eduardo Junior Kisner, desconhece menor oferta de unidades de preços populares. O dado só poderá ser confirmado na análise de cada contrato. “Alcançamos a meta de superar R$ 1 bilhão e quase 50% das pessoas fecharam propostas. Kisner aposta que o adiamento da quitação da primeira parcela para janeiro de 2014, atrativo no feirão, influenciou as vendas. Nesta condição, o juro é cobrado depois, citou o gerente de produto da Goldztein Cyrela, Diogo Suder, o que reduziria a vantagem. O gerente confirma que 90% do público busca até R$ 100 mil. “Saímos do setor, não tem lucro”, justifica Suder.
O casal que reside em Canoas Morgana Iwanczuk e Carlos Sturza da Silva quer comprar uma casa em Esteio, onde os valores são inferiores e o acesso ao trabalho é mais fácil. Mas a dupla descobriu, ao conversar com uma corretora no feirão, que o imóvel pretendido, no valor de R$ 87 mil, havia se esgotado. Agora, só há opções acima de R$ 112 mil, e que demorarão a ficar prontas. “Decidimos comprar havia um mês. O jeito é pesquisar mais”, disse Morgana.
O metalúrgico Rodrigo Caetano reuniu os três filhos e a mulher e foi a Fiergs ontem. Caetano busca imóvel há um ano e, em simulações pelo site da Caixa, descobriu que pode financiar um valor até R$ 105 mil. “Dois me interessaram, mas terei de dar entrada de R$ 20 mil. Aí fica difícil”, decepcionou-se o metalúrgico. O gerente de compras da construtora Bolognesi Roberto Andrade disse que a disponibilidade de menor valor reduziu, mas que a faixa acima compensa. “Vendemos 10% do volume anual”, citou Andrade.
Mais de 500 enfrentaram fila por descontos de até 36%
O cansaço era visível no rosto da assistente social Cláudia Santana Pereira, no fim de tarde de ontem em Porto Alegre. Mas compensou, já que a assistente social conseguiu comprar um apartamento novo por R$ 264 mil, em zona nobre da Capital, com 26% de desconto e após 12 horas de fila. “Foi até divertido. Valeu mais a pena que esperar três horas pelo show da Madonna. Aqui a gente compra um sonho”, definiu a assistente social, um dos mais de 500 pretendentes de imóveis que enfrentou longa espera, no Melnick Even Day (MeDay), da construtora Melnick Even, realizado ontem no bairro Auxiliadora, na Capital.
Para garantir a resistência de clientes e corretores, que reservaram lugar por até 40 horas, a empresa colocou duas ambulâncias e lanches, água e sucos à vontade. A fila, que deu volta no quarteirão das ruas Carlos Trein Filho e Anita Garibladi, começou na noite de sexta-feira. Somente às 7h de ontem, as vendas foram abertas. O diretor de incorporação da Melnick, Marcos Colvero, espera comercializar 200 unidades, totalizando mais de R$ 60 milhões, volume que superará as 130 negociadas em 2012, por R$ 50 milhões. Colvero ressaltou que os mais de 500 imóveis, entre lançamentos, em construção e prontos na Capital, Canoas e Eldorado do Sul, ofertados no evento não são estoque.
Colvero explica que a redução de até 36% nos preços, atrativo da promoção, é possível devido a diferenças de margens e valores entre os 16 empreendimentos incluídos na campanha. As unidades variam de R$ 220 mil a R$ 2 milhões. A construtora soma quase R$ 1 bilhão de valor geral de vendas (VGV) em construção, e deve lançar mais R$ 500 milhões.
Fonte: Jornal do Comércio