A atriz Angelina Jolie causou uma grande polêmica, nesta terça-feira, ao anunciar que se submeteu a uma dupla mastectomia para prevenir o câncer de mama. Mas o procedimento preventivo está se tornando comum também no Brasil. Em 2010, a cantora Rita Lee retirou as mamas, aconselhada pela ginecologista. A mãe dela morreu de câncer, e o risco de desenvolver a doença era bem alto.
“Minha ginecologista aconselhou a retirada das mamas, algo que não fez muita diferença, uma vez que as minhas já eram pequenas”, contou a cantora, em entrevista à revista Istoé, em setembro de 2010. “Prefiro ficar sem peitos e tranquila a ficar com eles e paranoica”, afirmou ela, que decidiu não reconstituir as mamas.
O cirurgião plástico e mastologista João Carlos Sampaio, diretor do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, diz que realiza, no mínimo, uma cirurgia preventiva (ou profilática) por semana. Segundo o especialista, o número de intervenções deste tipo aumentou nos últimos anos, por causa do desenvolvimento da técnica cirúrgica e do diagnóstico precoce.
- Eu recomendo. O resultado é igual ao de um aumento da mama, uma plástica - explicou Sampaio, frisando que a cicatriz fica bem pequena. - Antes, as pacientes ponderavam mais, com medo de sofrer algum tipo mutilação ou por questões estéticas.
Ao todo, o procedimento levou três meses para ser concluído - a primeira cirurgia aconteceu em fevereiro e a alta só veio em abril. "Eu estou escrevendo sobre isso agora porque eu espero que outras mulheres possam se beneficiar com a minha experiência. Câncer ainda é uma palavra que gera medo no coração das pessoas, produzindo uma profunda sensação de impotência. Mas hoje é possível descobrir através de um exame de sangue se você é ou não altamente suscetível a câncer de mama e ovário e então tomar uma aitude", explicou Angelina, que lamentou o fato desse teste custar cerca de US$ 3 mil nos Estados Unidos.
"Eu me sinto segura de que fiz uma escolha dura e que de maneira nenhuma diminui minha feminilidade", afirmou e agradeceu ao marido, Brad Pitt, que a apoiou ao longo de todo o processo. "Nós conseguimos encontrar momentos para rir juntos. Sabíamos que isso era a coisa certa a se fazer pela nossa família e que nos deixaria mais próximos", declarou, acrescentando que seus filhos não encontraram nada nos resultados "que os deixem desconfortáveis".
Técnica cirúrgica feita em Jolie não é das mais modernas
João Carlos Sampaio já desenvolveu, e utiliza aqui no Brasil, uma técnica mais moderna do que a aplicada em Angelina Jolie. O procedimento da atriz aconteceu em duas fases: a primeira, para a retirada das mamas, e a segunda, nove semanas depois, para a reconstrução.
As pacientes de Sampaio realizam a cirurgia preventiva em apenas uma fase. Em vez de ficar com o expansor (utilizado em Jolie) por semanas, para criar espaço para a próteses de silicone, o médico levanta o músculo da paciente parcialmente e coloca uma espécie de tela. Depois, implanta a prótese de silicone e enxerta gordura para que o seio fique com uma aparência bem natural.
- Fiquei até meio surpreso, quando li que ela utilizou a técnica mais antiga - admitiu Sampaio, acrescentando que nos Estados Unidos muitos médicos usam a técnica criada aqui no Brasil.
O método desenvolvido pelo especialista brasileiro foi publicado na década de 90, e vem sendo aprimorado desde então.
- Já não uso o expansor há quase 20 anos. Não há mais necessidade desse tipo de cirurgia.
A mãe de Angelina Jolie morreu de câncer aos 56 anos, depois de quase uma década lutando contra a doença. A atriz tinha 87% de chances de desenvolver o câncer de mama, e 50% de chances de apresentar câncer de ovário.
Fontes: Pop e Extra