Segundo principal destino de Cuba, o balneário de Varadero tem encantado muitos turistas e atraído a atenção de operadoras e agências de viagens de diversas partes do mundo. Reunidos na semana passada, durante a 33ª Feira Internacional de Turismo FITCuba 2013, centenas de empresários do setor tiveram a oportunidade de conhecer melhor os produtos e serviços do trade espalhados em 22 quilômetros de praias paradisíacas localizadas a duas horas e meia de Havana. Ali, como em balneários vizinhos, parcerias do governo com redes internacionais de hotéis e resorts construíram nos últimos anos um aparato receptivo impecável, que permite o lazer e descanso do mais exigente dos visitantes.
Situado na Península de Hicacos, Varadero é a principal oferta de sol e praia em Cuba. Com o status de porto livre, possui três marinas internacionais. Nos arredores encontra-se o único parque submarino do país, Cayo Piedras del Norte. Ali, os estrangeiros praticam mergulho e snorkeling, ou participam de banhos com golfinhos e passeios em um mirante submarino. Na região também é possível realizar cavalgadas com destinos a sítios arqueológicos, percorrer espaços como o Parque Nacional Ciénaga de Zapata, apreciar a natureza da reserva ecológica Varahicacos, ou mesmo se render à comodidade de permanecer dentro dos diversos resorts instalados pela ilha. Durante a noite, cabarés e discotecas agitam quem se interessar por baladas, com a vantagem de circular pelas ruas sem precisar se preocupar com segurança.
Entre os resorts mais luxuosos, o Memories Varadero é um espetáculo à parte, com uma extensa área recheada de confortos para os hóspedes, incluindo uma série de estruturas que lembram verdadeiras mansões, erguidas a partir de arquiteturas do início do século passado. No entanto, a maioria dos hotéis de Varadero, construída após as décadas de 1980 e 1990, é mais moderna. O mais recente é Ocean Varadero El Patriarca, com mais de 400 acomodações. Inaugurado em novembro de 2012 e sob a administração de uma cadeia espanhola, o resort registra ocupação que varia de 84% em baixa temporada e 92% em meses de maior movimento (janeiro a março). Ali, a tarifa média das diárias por pessoa é de US$ 54,00, no sistema all inclusive.
Cercados por um paraíso de águas cristalinas, os trabalhadores do setor receptivo de Varadero, assim como nas demais cidades do entorno, estão mobilizados pelo governo e não medem esforços para aquecer a economia e impulsionar o desenvolvimento de seu país. Desde os vigias dos empreendimentos, passando por garçons, camareiras, recepcionistas, guias turísticos e gerentes de hotéis até os comerciantes de rua, que ganham a vida vendendo artesanato aos turistas, todos sabem que a imagem de Cuba fora do território depende da postura de cada um. Isso explica o encantamento que causam aos estrangeiros, já na porta de entrada dos empreendimentos. Educados e cordiais, atendentes acolhem quem chega com um sorriso sincero no rosto. Alguns deles carregam na bagagem a formação técnica ou universitária, o que ajuda a entender o preparo que todo trade cubano apresenta quando o assunto é o bem receber.
Mas é a dignidade do olhar da maioria dos profissionais de turismo que emociona e gera um questionamento: como um povo que vive em um país pobre, e cujo bloqueio norte-americano dificulta os negócios, pode ser tão dócil e parecer mais feliz e melhor resolvido que tantos outros ao redor do mundo? Uma das respostas, conforme a guia de turismo da agência de viagens Cubatur, Betesy Olivares Bitencort, é a consciência da população local de que vale mais viver com menos e ainda assim ser solidário.
Lembrando o contexto do sistema da ilha, onde todas as crianças frequentam a escola e qualquer pessoa tem direito a cursar uma universidade gratuita, Betesy aponta que o objetivo do fomento ao turismo no país está em preservar e apoiar o desenvolvimento da educação e da saúde dos cubanos. Formada em língua e literatura inglesa, ela ressalta que a mudança que está ocorrendo na economia cubana vem sendo feita com cautela. “Principalamente as crianças estão sendo preparadas com educação consistente, pois elas representam o futuro de Cuba.”
Canadenses e argentinos lideram time entre os 3 milhões de turistas
Segundo o ministro de Turismo de Cuba, Manuel Marrero Cruz, “o país se abriu para o mundo como um destino de sol e praia”. “No entanto, traçamos uma estratégia para promover o legado cultural, de patrimônio e história de Havana”, pontua. Em 2012, a ilha recebeu 2,9 milhões de visitantes internacionais (a maioria do Canadá e Argentina) crescendo 5% em relação a 2011.
Neste período, os milhões de turistas estrangeiros que visitaram este destino do Caribe deixaram ali mais de US$ 2,6 milhões. O governo de Cuba tem se empenhado, há três anos, na reconstrução de prédios históricos de Havana, enquanto redes hoteleiras nacionais e internacionais investem em novos empreendimentos, principalmente em cidades com praias paradisíacas, como Varadero e Matanza.
A campanha de promoção de imagem do país foi intensificada em 2013 e segue para a reta final de seu primeiro projeto, sob o slogan Autêntica Cuba, que chama a atenção para a história de resistência ao bloqueio norte-americano e à preservação das raízes culturais da ilha cubana. Segundo Marrero, o PIB do país representa 34% de toda sua exportação de serviços.
O ministro reforça que a filosofia socialista de repartir os recursos do país entre a população, através de subsídios do governo, deverá ser mantida, independentemente da abertura econômica recente. “A arrecadação de verbas pelo turismo será revertida para o povo”, garante Marrero, que não informa quanto de investimento está chegando a Cuba. O ministro admite que são muitas as companhias turísticas e hoteleiras que passaram a injetar recursos na ilha para administrar os empreendimentos, a maioria em sociedade com o governo.
Brasil e Cuba buscam negócios e fomentar turismo
Embalado pela recente abertura econômica do território, o governo de Cuba está apostando no mercado brasileiro e elegeu o País como principal foco da divulgação de seus destinos. Durante a FITCuba 2013, o ministro de Turismo de Cuba, Manuel Marrero Cruz, afirmou que a inauguração da empresa Havanatur Brasil e o lançamento, em 10 de julho, de rota direta da companhia aérea Cubana entre Havana e São Paulo são iniciativas que devem colaborar no estreitamento de negócios entre os dois países. Homenageado no evento, que ocorreu de terça a sábado no Centro de Convenções Plaza América, o Brasil marcou presença com 186 empresas do trade, além do estande da Embratur, dividindo os pavilhões da feira com outras dezenas de operadoras e agências de viagens do mundo inteiro.
O número de visitantes brasileiros a Cuba ainda é pequeno: no ano passado este fluxo foi de 16 mil pessoas. Tanto Marrero quanto o ministro brasileiro Gastão Vieira, destacam a conjuntura favorável para incrementar o intercâmbio de visitas entre os dois países. Em seus discursos de abertura do evento, lembraram da intensificação de relações entre Brasil e Cuba, que “têm batido recorde comercial”, e ressaltaram a vontade de fortalecer ainda mais os acordos bilaterias. Gastão Vieira se disse encantado com a “hospitalidade, cordialidade e simpatia da delegação cubana”, e tratou de promover o País. Ele ainda lembrou que o número de visitantes da ilha caribenha no Brasil ainda é muito tímido: “Pouco mais de 4 mil cubanos desembarcaram em solo brasileiro em 2012.”
Fonte: Jornal do Comércio
