Nunca antes na história do País tantas pessoas participaram de viagens de intercâmbio como atualmente. Desde 2010, o setor vem crescendo ano a ano, motivado pela chegada de novas agências do ramo, mas também pela ascensão da classe média e pelo entendimento de universitários e profissionais com idade até 40 anos de que uma experiência no exterior agrega valor ao currículo. Também por conta do aquecimento da economia, cada vez mais brasileiros viajam a lazer para fora do País. Como consequência, outra porta vem sendo aberta: jovens que contratam os serviços de operadoras e agências de turismo, para passear ou estudar um idioma em solo estrangeiro, também têm buscado estas empresas para se inserirem no mercado de trabalho.
Esta foi a trajetória da gerente de atendimento da Forma Turismo, Thays Gargiam (23 anos), que entrou na equipe da operadora paulistana em 2007 para fazer seu primeiro trabalho de monitora durante quatro semanas em Porto Seguro (BA). Ela conta que o interesse pela área surgiu depois de viagem que realizou com a empresa um ano antes. “Me encantei. O trabalho é gratificante e pretendo me manter no setor de turismo. Além disso, este mercado está em franca ascensão no Brasil”, comenta a gestora, que antes trabalhava em feiras e eventos.
Foi dentro da Forma Turismo – que vem treinando jovens para trabalhar como monitores em excursões internacionais de estudantes com idade de 14 a 17 anos – que Thays participou de curso de capacitação, onde passou por diversas vivências práticas, além de assistir palestras sobre como agir em situações específicas. Desde então, já acompanhou turmas por diversos destinos promovidos pela empresa, como Cancun (México), Bariloche (Argentina), Florianópolis e Itapema (SC), Búzios (RJ), Disney World (EUA), entre outros. “Vi a demanda de clientes crescer muito”, observa.
“Em 2012, mais de 37 mil passageiros compraram nossos produtos”, reforça o sócio-diretor da empresa no Estado, Ângelo Ruggero. Ele informa que o aumento da venda de excursões gerou a necessidade de buscar novos profissionais na área de monitoria. “Os jovens estão percebendo o potencial deste mercado. No primeiro curso realizado no Rio Grande do Sul, no decorrer do ano passado, a procura foi gigantesca. Muitos eram ex-passageiros de viagens promovidas em parceria com a operadora”.
Atualmente, a Forma Turismo conta com 900 monitores ativos. Ruggero acredita que a expansão geográfica da empresa também foi determinante para o ano positivo da operadora, que ultrapassou a barreira de 100 cidades de 18 estados, por meio de unidades próprias, franquias ou representantes. No ano passado, seis novas unidades foram inauguradas, ampliando a rede e consolidando a presença da operadora em importantes praças nacionais, como Porto Alegre, Rio de Janeiro, Florianópolis e regiões interioranas e metropolitanas de São Paulo. O mesmo tem acontecido com a gaúcha Abic Cursos e Intercâmbio no Exterior. De acordo com o diretor-executivo da empresa, Rafael Sortica, desde o ano passado a agência conta com cinco unidades franqueadas. Neste caso, são agências de turismo que passaram a vender o segmento de intercâmbios que, conforme o gestor, “tende a crescer no País, agora impulsionado pela Copa de 2014”.
“As pessoas estão se dando conta de que não basta saber falar outro idioma, é preciso entender outras culturas”, justifica. A empresa gaúcha percebeu esta tendência e resolveu apostar também na formação de empreendedores individuais, interessados em trabalhar no ramo. “Atualmente, estamos avaliando o potencial de sete jovens (a maioria, ex-intercambistas) do Interior do Estado, que procuraram a Abic para aderir ao nosso processo de franquias, iniciado há um ano”, conta Sortica. Em junho, os candidatos selecionados devem passar por uma capacitação, para depois iniciarem o negócio.
Franquia simplificada permite a venda de pacotes de porta em porta
Dos modelos de franquias possíveis no projeto da Abic Cursos e Intercâmbio no Exterior, o aplicado a jovens de municípios como Lajeado, Novo Hamburgo, Canoas, Montenegro, Ijuí, Pelotas, Bagé e Passo Fundo é o mais barato e simples. Direcionado a cidades com população a partir de 40 mil habitantes, não exige sequer um escritório. “O custo de investimento para se tornar um franqueado individual é de R$ 10 mil. Depois, precisa de um notebook e tablet, com acesso à banda larga 3G”, resume o diretor da rede, Rafael Sortica.
Após treinamento durante 10 dias, realizado em Porto Alegre, o jovem empreendedor “está pronto” para captar interessados em ir para o exterior em busca de formação ou capacitação profissional. A modalidade é inspirada nas microfranquias e franquias individuais, forte tendência no mercado brasileiro, caracterizada pelo baixo custo de abertura e manutenção do negócio.
O trabalho tem orientação e suporte oferecidos pela Abic. Os franqueados contam com um escritório de apoio da franqueadora, que organiza treinamento semanal on line. “Mas a venda é feita de porta em porta”, explica Sortica. Ele frisa que a ideia, de estrutura simples, é viabilizar que estudantes e profissionais do Interior não precisem se deslocar à Capital ou a cidades maiores, em busca de uma agência para comprar um programa de intercâmbio. Para aderir, um dos requisitos é ter uma experiência no exterior.
Ministro quer incentivar população a viajar mais
O grande desafio do setor de turismo no Brasil é garantir que a preparação para os eventos esportivos dos próximos anos – Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos em 2016 - transforme o País em um “grande destino” para todo o mundo. A opinião é do ministro do Turismo, Gastão Vieira.
Ao fazer um balanço, na sexta-feira passada, dos dez anos do Ministério, Vieira ressaltou que o desenvolvimento do segmento, que acredita que irá se tornar um dos principais motores da economia brasileira, depende da consolidação do mercado interno e de ações que incentivem o brasileiro a viajar mais pelo País.
“O turismo brasileiro é muito jovem e, com esses eventos (esportivos), vamos alcançar a maturidade, a idade adulta. É preciso acreditar na classe média, que está consumindo turismo e viajando cada vez mais para fora”, destacou. O ministro disse ainda que é preciso “tentar equilibrar essa balança, fazendo com que os brasileiros viajem mais pelo Brasil e descubram mais o seu País”.
Fonte: Jornal do Comércio