Um grupo de cerca de 500 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) ocupa, desde a manhã desta quinta-feira, a fazenda Aliança, do filho da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), o deputado federal Irajá Abreu (PSD-TO), no município de Aliança, no Tocantins. A mobilização faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas que ocorre em vários estados. Em Brasília, 700 camponesas estão acampadas ao lado do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde a última terça-feira. Há mais de 15 anos, sempre no mês de março, as mulheres se unem em jornada para reivindicar os direitos das trabalhadoras.
– A ruralista e senadora Kátia Abreu é símbolo do agronegócio e dos interesses da elite agrária do Brasil, além de ser contra a reforma agrária e de cometer crimes ambientais em suas fazendas – afirmou a dirigente do MST de Tocantins Mariana Silva.
Kátia Abreu é uma das principais líderes dos ruralista no Congresso Nacional e presidenta da Confederação de Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA), entidade que representa e defende os interesses do agronegócio. Além de uma política mais ampla de assentamentos, o movimento reivindica estímulos ao fortalecimento da agricultura familiar e maior acesso ao crédito e à assistência técnica no campo.
Segundo o MST, a fazenda Aliança já teria sido embargada duas vezes pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em 2011 e 2012, por desmatamento e derrubada de árvores e vegetação natural em área de preservação. As manifestantes interditaram a rodovia Belém-Brasília no dois sentidos na parte da manhã e afirmam que o estado de Tocantins é “exemplo de disparidade entre o montante de verba recebida pela agricultura camponesa e o agronegócio”.
Dados do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostram que em 2012 foram assentadas 1.055 família no estado, e que, para a realização de novos assentamentos neste ano, a autarquia já vistoriou e avaliou 45.023 hectares. O orçamento dos assentamentos de 2012 foi de R$ 49,5 milhões.
Em nota, a senadora disse repudiar “com indignação” a ocupação. Ela afirmou que a ação foi feita por “uma das milícias do MST”. Segundo ela, a fazenda é produtiva, moderna, e emprega 48 trabalhadores. A senadora também informou que irá tomar medidas judiciais.
Mobilização
Ainda nesta quinta-feira, foram realizadas ações pelas mulheres do MST por todo o Estado de São Paulo, com o objetivo de denunciar a paralisia da Reforma Agrária. As atividades fazem parte da Jornada de Luta das Mulheres da Via Campesina. Cerca de mil mulheres ocuparam terras em diferentes municípios e realizaram marchas e manifestações pelas cidades do interior paulista.
No Pontal do Paranapanema, cerca de 200 militantes ocuparam pela sétima vez a Fazenda Nazareth, no município de Marabá Paulista. A principal reivindicação é a agilidade para que a terra, já considerada devoluta, seja medida e destinada para assentamento.
A área que tem aproximadamente cinco mil hectares é de propriedade da família de Agripino Lima, deputado estadual de Presidente Prudente, e foi comprada de forma irregular. O deputado, que é dono de universidade, hospital e dos meios de comunicação da região, conseguiu todas as outras vezes a reintegração de posse.
Fonte: Correio do Brasil