Terça, 05 Agosto 2025

As mudanças e dança das cadeiras no comando de empresas do conglomerado do empresário Eike Batista são consequência da necessidade de resultados imediatos, encerrada a fase pré-operacional dessas companhias, avaliam fontes próximas ao executivo e analistas.

Nos últimos 12 meses, cinco das seis empresas "X" listadas em bolsa tiveram mudança na sua presidência.

A mais recente troca se deu na sexta-feira passada, quando houve alteração na presidência da MMX, empresa de mineração do grupo EBX.

Carlos Roberto Gonzalez assumiu como presidente e diretor de Relações com Investidores da MMX, após a renúncia de Guilherme Escalhão aos cargos.

Em pouco mais de um ano, foi o segundo presidente da MMX a renunciar ao cargo com a mesma declaração oficial: "por motivos pessoais".

O mercado reagiu negativamente à mudança e bancos escreveram relatórios questionando a saída. As ações da MMX caíram 4% nos dois pregões seguintes ao anúncio da troca.

"Esta mudança de gestão foi em grande parte inesperada pelo  mercado, a nosso ver, e nós acreditamos que outra mudança de gestão será tomada de forma negativa. Além de ser o terceiro CEO nos últimos três anos e meio, a MMX também teve pelo menos cinco CFOs (diretor financeiro) nos últimos quatro anos, incluindo o Sr. Escalhão. Citamos a troca de gestão como um risco potencial em nosso relatório de 21 de dezembro de 2012", escreveu o analista Jonathan Brandt, do HSBC Securities.

A mudança ocorreu no meio do processo de captação, pela MMX, de cerca de R$ 1,4 bilhão por meio de aumento de capital anunciado no início de dezembro.

"As razões da partida do Sr. Escalhão não são claras e continuamos preocupados com as mudanças no comando da MMX. A troca poderia potencialmente impactar o plano da empresa de emitir 1,4 bilhão de reais em ações", escreveu Marcelo Aguiar, do Goldman Sachs, em relatório.

Segundo um analista que preferiu não se identificar, a mudança não foi vista com bons olhos porque a MMX está numa fase crítica, com alto endividamento e receita ainda pequena, e passa por um processo de capitalização para fazer frente aos seus investimentos.

"A troca no meio do processo dá a impressão que alguma coisa errada aconteceu", disse ele.   

"A MMX hoje tem uma produção relativamente pequena para suas pretensões, com custos elevados de logística, e vendas focadas no mercado interno, o que reduz a rentabilidade da empresa", escreveu em relatório a Planner Corretora.

"A ação (da MMX) só terá múltiplos atraentes em 2015. Enquanto isso, ainda vai carregar os problemas de empresas em estágio de forte investimento, com endividamento elevado, baixa geração de caixa e ausência de dividendos", informou o relatório

Exigências
Segundo o analista-chefe da Ativa Corretora, Ricardo Corrêa, um dos problemas é o excesso de exigência por parte de Eike Batista.  

"O problema é a criação de metas inexequíveis e a cobrança de resultados que não são alcançados", disse ele à Reuters.

Segundo fonte próxima ao empresário que pediu para não ser identificada, a companhia de mineração, segmento no qual Eike possui mais familiaridade, é aquela que o bilionário acompanha mais de perto e onde as cobranças são mais duras --o pai de Eike, Eliezer Batista, foi por muitos anos presidente da Vale, segunda maior mineradora do mundo.

Uma outra fonte disse à Reuters que Eike é um chefe exigente, que cobra resultados. "Está todos os dias no pé, exigindo. O clima estressante pesa, com certeza", afirmou.

Dança das cadeiras
Em 2012 aconteceram trocas de cadeiras de quatro outras empresas do grupo EBX.

Em outubro passado, o presidente e diretor de Relações com Investidores da CCX , Leonardo Moretzsohn de Andrade, renunciou ao cargo e foi substituído por José Gustavo de Souza Costa.

Moretzsohn também alegou motivos pessoais para a sua renúncia. Segundo uma das fontes próximas a Eike, Moretzsohn, com um filho recém-nascido, estava exausto com as constantes viagens à Colômbia, onde estão as minas da CCX, e com as cobranças do comando da EBX.

A CCX, empresa de carvão criada a partir de desmembramento da MPX, deverá ficar menos de um ano com ações negociadas em bolsa. Eike abriu o capital da empresa em maio de 2012 e na segunda-feira anunciou a intenção de adquirir até 100% das ações.

No mês seguinte à troca da CCX, houve mudança do comando da empresa de logística LLX.

Eike anunciou Marcus Berto como novo diretor-presidente e diretor de Relações com Investidores da LLX, no lugar de Otávio Lazcano, que passou a ocupar o cargo de diretor financeiro do Grupo EBX.

Lazcano, de confiança de Eike, foi levado para um cargo mais próximo, na holding.

"Eike tem procurado se cercar de gente de confiança, pois é um grande estrategista, mas tem dificuldade de tocar o dia a dia", disse uma fonte.

OGX
Em junho de 2012, a unidade petrolífera do grupo, a OGX, trocou sua presidência-executiva em meio ao duro questionamento do mercado sobre a capacidade de produção de petróleo da companhia.

Na ocasião, a empresa justificou a mudança como a "consolidação natural da evolução da OGX para uma nova fase".

O executivo Paulo Mendonça, que ocupou a presidência da OGX por apenas dois meses, foi substituído por Luiz Eduardo Carneiro, que antes comandava a OSX, outra empresa de Eike.

Carneiro, por sua vez, acabou substituído na OSX por Carlos Eduardo Sardenberg Bellot, que ocupava anteriormente a diretoria de Operações, Engenharia, Afretamento e Desenvolvimento da OSX.

Procuradas pela Reuters, as empresas se restringiram apenas a repetir os motivos oficiais divulgados na ocasião das mudanças.

Fonte: Reuters

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