Sexta, 24 Janeiro 2025
Depois de iniciar trabalhos com a China, o Brasil entra em entendimento com a Índia para estudar a adoção de moedas locais no comércio bilateral. O presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, esteve reunido no final de semana com autoridades indianas e juntos determinaram o início dos trabalhos. Meirelles já havia fechado um entendimento similar com a China, ainda que o projeto com Pequim já esteja mais avançado. O objetivo do governo é de dispensar gradativamente a moeda americana nas relações com seus principais parceiros e, assim, reduzir a volatilidade nas transações.
No médio prazo, a esperança do Brasil é de que alguns produtos comecem a ser cotados não mais em dólares, mas em moedas locais. Para isso, porém, o número de acordos como o que o Brasil começa a fechar com a China e Índia terá de ser ampliado. No caso da Índia, a assessoria de imprensa do BC brasileiro informou que uma missão seria enviada ao Brasil para discutir o projeto com Nova Délhi. O presidente do BC chinês, Zhu Xiaochuan, confirmou seu interesse. "Estamos discutindo a possibilidade de um gradual uso de nossas moedas para o comércio e projetar investimentos", disse.
Hoje, a China já tem acordos similares com seis outros países, num comércio total de US$ 95 bilhões. O acordo com a Argentina foi fechado em duas semanas. Na sexta-feira passada, o dirigente chinês havia defendido uma nova moeda global, o que gerou preocupações de que a China estaria prestes a diversificar suas reservas de quase US$ 2 trilhões. Na semana passada, o chanceler Celso Amorim afirmou que o Brasil não temia uma diversificação da moeda. Mas garantiu que
não seria "uma aventura".
Depois de dois anos de trabalhos, o Brasil conta com o mesmo mecanismo no comércio com a Argentina e pretende implementar o sistema com o Uruguai até setembro deste ano. No comércio com a Argentina, o mecanismo criado pelo Brasil responde por menos de 1% do comércio bilateral. Mas Meirelles aposta que essa taxa vai crescer diante da decisão de implementar também um mecanismo de financiamento em moeda local.
A decisão política já foi tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma recente viagem à China e reconfirmada na primeira reunião de cúpula do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) há duas semanas. Tanto o governo da China quanto o da Rússia vêm aumentando o tom de críticas contra o dólar e pedindo que alternativas à moeda sejam pensadas.
 
Fonte: Jornal do Comércio
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