Sábado, 01 Fevereiro 2025

A Operação Titanic, deflagrada ontem pela Polícia Federal do Espírito Santo, descobriu guardados no porto de Paul, na baia de Vitória, nada menos do que 17 carros de alto luxo - apenas uma Ferrari Turbo estava avaliada em R$ 1,2 milhão - e 36 motos importados pela TAG, que aguardavam a liberação pela Alfândega.

Segundo um auditor da Receita que trabalhava no porto, tal como os 190 veículos trazidos do exterior em 2007, estes também apresentavam sinais de preços subfaturados.

O prejuízo causado ao erário pelo suposto esquema de sonegação ainda não pode ser calculado. Sabe-se que Pedro e Adriano Scopel, donos da TAG, importaram carros no valor de R$ 11,751 milhões em 2006, e outros avaliados em R$ 9,5 milhões no ano passado. Somente em 2007 a sonegação fiscal teria sido de R$ 7 milhões, segundo as investigações.

A remessa dos dólares para comprar os carros das empresas Global Bussiness (Canadá) e E & R Logos Company Inc. (dos EUA) era feita por Jorge de Oliveira, funcionário da Vision Corretora de Câmbio.

Foi por meio deste esquema que Adriano Scopel ajudou o empresário Antonio Cláudio Oliveira Diniz de Oliveira, mais conhecido em Vitória como Baducho, filho do presidente da Confederação Nacional do Comércio, Antônio Oliveira dos Santos. Ele fez, de acordo com as investigações, duas remessas de dinheiro para o exterior - US$ 20 mil e US$ 12,5 mil - de forma ilegal, como se estivesse pagando importações feitas pela TAG que não existiram.

O mandado de prisão contra Baducho não foi cumprido porque ele está em viagem aos Estados Unidos. A Polícia Federal pediu ajuda do FBI para localizá-lo.

Para trazer os veículos com preço subfaturado, os Scopel teriam contado com a ajuda de pelo menos dois auditores da Receita Federal em Vitória, que ontem foram presos. O principal deles era Max Pimentel de Almeida Marçal, que até meados do segundo semestre do ano passado era o supervisor do Núcleo de Operações da Alfândega da área portuária onde fica o porto de Paul, explorado pela firma dos Scopel.

A investigação da Polícia Federal mostrou que a TAG, através de Adriano Scopel, pagou em 2007 R$ 21 mil de cotas do consórcio do carro Honda usado por Marçal. Liesa Cristina Ortega Amaral, auditora da Receita e mulher de Marçal, não foi presa, mas teve seu local de trabalho vasculhado em uma operação de busca e apreensão.

A operação começou em 2007, quando Adriano Scopel tentou registrar embarcações de forma fraudulenta. Em depoimento à PF, Daniel Braz Marostica, braço direito do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, admitiu ter vendido para Adriano dois jet-skies e um jetboat. O empresário, porém, tentou registrar a negociação como se os vendedores fossem outras pessoas.

Ontem, a polícia conseguiu arrestar em Minas Gerais um dos dois aviões usados por Adriano Scopel. A aeronave está avaliada em R$ 1 milhão.

Fonte: O Estado de S.Paulo - 08 ABR 08

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s

topo oms2

Deixe sua opinião! Comente!