Muito se falou na última semana sobre o fato da nova diretoria da Codesp não ser formada, em sua maioria, por pessoas ligadas à Baixada Santista, tampouco conhecedoras de todos os problemas do Porto de Santos. Essa realidade já acabou criando até mesmo situações embaraçosas. Em uma delas o novo diretor-presidente, José di Bella Filho, respondeu a algumas perguntas da imprensa somente após ser auxiliado pelo diretor de infra-estrutura da estatal, Paulino Vicente, único dos quatro nomes indicados que fez carreira na docas santista.
Por isso, fomos ao cais dar espaço para as opiniões dos trabalhadores avulsos, algo rotineiro na Rádio PortoGente. A mesma pergunta foi feita para cinco portuários: é bom ou ruim a nova diretoria ser formada por técnicos que não possuem ligação com a Baixada Santista? Isso atrapalha na hora de decidir sobre pequenos detalhes ou ajuda, a partir do momento em que, por serem de fora, não possuem o chamado “rabo-preso” com ninguém na hora de tomar decisões?
Para Hélio Xavier, trabalhador avulso há 13 anos, a decisão da Secretaria Especial de Portos (SEP) em indicar técnicos de fora da região para o comando do maior porto de América Latina foi errada. “Não é por mal, mas até eles pegarem o jeito de como funciona o dia-a-dia das operações, será perdido um tempo precioso”.
Já o trabalhador de capatazia Sérgio de Oliveira Barbosa, presente nas operações do porto santista desde 1993, prefere enxergar outro ponto ruim na indicação da nova direção. “Perdemos a chance de ter um elo direto entre direção do porto e trabalhadores avulsos. Não fomos ouvidos sobre nenhuma sugestão de nome”.
Renato da Silva concorda com os colegas ao reclamar da falta de oportunidade para que pessoas da Baixada Santista e conhecedoras da realidade portuária de Santos participassem do novo quadro de diretores da estatal. “Os caras vêm de Belém, dos Estados Unidos, não sabem que cumpre ou descumpre regras contra o portuário”.
“Eu acho isso muito ruim, pois eles nem sabem que anseios têm um trabalhador avulso de Santos. Desejo toda a sorte do mundo e sempre torço para que eles tragam muitos navios, um sinônimo de emprego. Mas por enquanto, não posso ficar calado. Tinha que ser gente daqui”, reclama o portuário Alexsander Fontes.
Fábio Gilbertone está há 15 anos no Porto de Santos e reclama que esta não é a primeira vez em que pessoas de fora surgem para comandar o cais santista. “Tomara que eles façam essa dragagem de aprofundamento de uma vez, para que mais navios cheguem em Santos e nos tragam mais oportunidades de trabalho”.
Fonte: PortoGente - 26 SET 07