Ainda pela manhã, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, classificou o incidente de “absurdo” e anunciou “providências”. “Não vamos permitir que isso passe em branco.” Cinco horas após o ataque, policiais civis e militares fecharam os acessos à Favela do Jacarezinho, e iniciaram uma série de incursões que resultaram na morte de Nelson Santana da Rocha, aparentando 20 anos, apontado pela polícia como criminoso, e na prisão de outros três acusados de tráfico. Cem policiais participaram da operação, ordenada pelo governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). Ele determinara que a Secretaria da Segurança atuasse “com máxima energia diante da ousadia dos criminosos”. Três fuzis e uma granada foram apreendidos.
Apesar de se dizer habituado a transitar em favelas, Márcio Fortes admitiu que se viu diante de um tiroteio pela primeira vez. “Não sei se o pessoal do mal achou que era invasão.” Indagado se teve medo no ataque ao trem, Brito ressaltou que “não teve tempo” para isso, mas reconheceu que, como Fortes, se jogou ao chão. “Eu também me joguei, claro. É uma reação natural de cautela que todos devem ter.”
Apesar de alertados pela Polícia Militar de que o trajeto seria arriscado, as autoridades decidiram embarcar no trem da MRS. A companhia utilizou dois vagões – um para os ministros e convidados e outro para jornalistas.
O primeiro ataque ao trem aconteceu por volta das 10h30. Depois de passar pela extensão de 1.500 metros onde as obras foram feitas, a composição seguiu na direção do bairro de Maria da Graça, para que os ministros pudessem ver a área do Jacarezinho onde será feita a segunda etapa do projeto, com a remoção de 50 barracos. Quando o trem passou pela favela, pelo menos quatro criminosos armados, aparentando ser adolescentes, atiraram. Houve pânico e os passageiros se jogaram no chão.
O trem só parou nos fundos da Estação Maria da Graça do Metrô. Na volta, o maquinista aumentou a velocidade de 20 km/h para 40 km/h, mas não conseguiu evitar um novo ataque a tiros. PMs fardados e à paisana a bordo revidaram.
O gerente de Arrendamento e Patrimônio da MRS, Sérgio Carrato, disse que nunca havia ocorrido incidente semelhante. Ele acredita que as lentes dos fotógrafos podem ter incomodado os criminosos.
MEMÓRIA
Esta não foi a primeira ocorrência de violência contra autoridades federais. Em dezembro de 2006, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie, teve roupas e documentos levados por assaltantes na Linha Vermelha. Ela estava com o ministro Gilson Mendes e havia dispensado escolta da PF.Fonte: Jornal do Commercio - 11 SET 07