As prestadoras de serviços de terceirização de atividades de Recursos Humanos (RH) estão de olho em consolidação do setor para expandir este mercado no País. Em 2006, a atividade movimentou R$ 700 milhões, em um universo de 200 médias e grandes empresas, sendo apenas 40 especializadas nesta área. O setor estima crescer 20% este ano e prevê dobrar de tamanho até 2010, graças ao aumento da concentração do mercado. "Há um grande potencial de crescimento, com a entrada de grupos estrangeiros no País e um movimento de fusões e aquisições. Até 2010, o mercado deve se concentrar nas mãos de cerca de 10 grandes empresas", avalia Eduardo Quadrado, presidente da Associação Brasileira dos Provedores de Outsourcing de RH (Abpo-RH) e diretor da RM Outsourcing. Segundo ele, o Brasil representa apenas 5% do mercado de terceirização, enquanto este índice chega a 35% na Europa e nos Estados Unidos.
Em 2006, as empresas fornecedoras de terceirização de todas as atividades de RH de uma empresa, chamada de Business Process Outsourcing (BPO), representavam 74% deste mercado. "A área de RH está cada vez mais estratégica, por isso terceiriza cada vez mais seus processos operacionais. E um dos requisitos para oferecer o melhor serviço é a alta disponibilidade de tecnologia, por isso as empresas investem até 30% do faturamento em tecnologia", afirma o presidente.
O BPO reúne tecnologia e prestação de serviços e deve continuar em expansão. A própria RM Outsourcing é um exemplo deste movimento, pois surgiu da aquisição da operação de outsourcing de RH da Holomática Assessoria pela RM Sistemas, do grupo Totvs, desenvolvedora de softwares de gestão.
"Com a consolidação dos sistemas de gestão empresarial, esperamos aumentar a participação na informatização da área de Recursos Humanos", indica Célio Valnaia, diretor executivo da Datasul Human Capital Management. "Entramos recentemente na área de treinamento a distância, com a aquisição da Ilog. Há uma demanda crescente nesta área", completa.
No início do ano, a Datasul comprou a Ilog, empresa especializada no desenvolvimento de soluções de ensino a distância. Com a aquisição, a companhia espera expandir suas atividades além da prestação de serviços operacionais. "Queremos avançar nas áreas estratégicas, como as de gestão de competências e treinamento", explica o diretor.
Folha de pagamento
Nos próximos cinco anos a terceirização da gestão de folhas de pagamento deve continuar se expandindo. Segundo a Abpo-RH, há um déficit de 25 milhões de contracheques de funcionários a ser processados. Uma das que estuda entrar nesta área é a Hewitt.
A empresa está revendo sua estratégia global e espera crescer 20% nos próximos três anos com a terceirização de RH a empresas de médio porte. "Uma pesquisa que fizemos na América Latina recentemente indica que há um grande objetivo de terceirização por parte das médias empresas. Por isso, estamos reformulando nossa estratégia, focando não só em empresas globais, mas também em empresas locais. Queremos ampliar nossa atuação a empresas de 2 mil a 5 mil funcionários", revela Carlos Raposo, diretor-geral da Hewitt na América Latina.
A receita global da Hewitt foi de US$ 3 bilhões em 2006 e a empresa está presente em 35 países, com escritórios na Ásia, Europa e Américas. O Brasil representa 60% do mercado latino-americano. A empresa iniciou sua atuação com terceirização no País com a aquisição global da empresa Exult. A Hewitt assumiu as operações no Brasil, controlando o Centro de Serviços situado na cidade de Uberlândia (MG), onde está a sede de um dos principais clientes nesta área, o Grupo Algar.
Especializada em soluções de recrutamento e seleção, a Manpower espera atingir faturamento de R$ 180 milhões no Brasil, graças a conquista de novos clientes, como a Unisys. Em 2006, a empresa, que atende clientes globais, em conjunto com os 4,5 mil escritórios espalhados por 73 países, entre eles Motorola, IBM, Unisys e Cisco, faturou R$ 140 mihões. "Lançamos nova ferramenta que possibilita realizar processos de seleção de um grande número de candidatos, que pode ser realizado via Internet em todo o País. O foco é atender empresas com processos de estágio e trainee, demanda que só conseguíamos atender através de parcerias", diz Augusto Costa, presidente da Manpower.
Fonte: DCI - 28 AGO 07