“Nenhum acidente advém de um único fator, normalmente uma seqüência. Então uma tripulação que por acaso não tenha um descanso suficiente ou a pista que tenha tido alguma influência, isso tudo são fatores que podem ter contribuído”, afirmou Kersul.
A pista foi entregue pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) sem o grooving, ou seja, as ranhuras colocadas na pista para facilitar o escoamento da água – o que, por exemplo, existe na pista auxiliar. No dia do acidente, as duas pistas estavam molhadas, por conta da chuva.
Kersul disse que o Airbus A320 estava a uma velocidade de 175 km/h no momento em que se chocou com o prédio da TAM Express, confirmando o relato dos parlamentares nos EUA, onde estão sendo analisadas as caixas-pretas.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em ofício enviado à 8ª Vara Federal Cível de São Paulo, há evidências de que problemas mecânicos do Airbus, falha humana de operação ou ambos os fatores provocaram o maior acidente da da aviação brasileira, com pelo menos 199 mortos – 187 no avião.
Ontem, Kersul afirmou que as investigações do Cenipa sobre o acidente devem ser concluídas em dez meses. Segundo ele, a média mundial em investigações com acidentes semelhantes é de 18 meses.
O brigadeiro disse ainda que as investigações do acidente com o Boeing da Gol, que caiu em Mato Grosso em setembro após se chocar no ar com um jato Legacy, devem terminar num prazo máximo de dois meses – os 154 ocupantes do Boeing morreram.
Segundo Kersul, a transcrição dos dados das caixas-pretas do Airbus, em análise na NTSB (National Transportation Safety Board), em Washington, devem chegar sexta-feira a Brasília.
O chefe do Cenipa sugeriu que os dados não devem ser repassados às CPIs que investigam o apagão aéreo no Congresso. “Isso pode trazer um grande inconveniente para a prevenção de acidentes.”
Ontem, a TAM confirmou que o avião que se acidentou pousou duas vezes na pista de Congonhas na mesma terça-feira, um pela manhã, vindo de Brasília, e outro no início da tarde, vindo de Belo Horizonte. Chovia em pelo menos um dos pousos.
Fonte: Jornal do Commercio - 25 JUL 07