Terça, 04 Fevereiro 2025
BRASÍLIA – Chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), o brigadeiro Jorge Kersul Filho apontou ontem dois fatores que podem ter contribuído para o acidente com o vôo 3054 da TAM e, portanto, não podem ser descartados na investigação: o descanso insuficiente da tripulação e as condições da pista principal do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, aberta depois de ter passado 46 dias em reforma.

“Nenhum acidente advém de um único fator, normalmente uma seqüência. Então uma tripulação que por acaso não tenha um descanso suficiente ou a pista que tenha tido alguma influência, isso tudo são fatores que podem ter contribuído”, afirmou Kersul.

A pista foi entregue pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) sem o grooving, ou seja, as ranhuras colocadas na pista para facilitar o escoamento da água – o que, por exemplo, existe na pista auxiliar. No dia do acidente, as duas pistas estavam molhadas, por conta da chuva.

Kersul disse que o Airbus A320 estava a uma velocidade de 175 km/h no momento em que se chocou com o prédio da TAM Express, confirmando o relato dos parlamentares nos EUA, onde estão sendo analisadas as caixas-pretas.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em ofício enviado à 8ª Vara Federal Cível de São Paulo, há evidências de que problemas mecânicos do Airbus, falha humana de operação ou ambos os fatores provocaram o maior acidente da da aviação brasileira, com pelo menos 199 mortos – 187 no avião.

Ontem, Kersul afirmou que as investigações do Cenipa sobre o acidente devem ser concluídas em dez meses. Segundo ele, a média mundial em investigações com acidentes semelhantes é de 18 meses.

O brigadeiro disse ainda que as investigações do acidente com o Boeing da Gol, que caiu em Mato Grosso em setembro após se chocar no ar com um jato Legacy, devem terminar num prazo máximo de dois meses – os 154 ocupantes do Boeing morreram.

Segundo Kersul, a transcrição dos dados das caixas-pretas do Airbus, em análise na NTSB (National Transportation Safety Board), em Washington, devem chegar sexta-feira a Brasília.

O chefe do Cenipa sugeriu que os dados não devem ser repassados às CPIs que investigam o apagão aéreo no Congresso. “Isso pode trazer um grande inconveniente para a prevenção de acidentes.”

Ontem, a TAM confirmou que o avião que se acidentou pousou duas vezes na pista de Congonhas na mesma terça-feira, um pela manhã, vindo de Brasília, e outro no início da tarde, vindo de Belo Horizonte. Chovia em pelo menos um dos pousos.

Fonte: Jornal do Commercio - 25 JUL 07

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