O maior número de apreensões, segundo as Polícias Federal e Civil, é resultado de incremento nas operações de repressão e do aumento do fluxo do tráfico local para mercados interno e externo. A capital pernambucana é hoje ponto de passagem da droga para a Europa. No último domingo, o espanhol Carlos Garcia Sanchez, 33 anos, foi preso no Aeroporto Internacional do Recife, ao tentar embarcar com 4,3 quilos do entorpecente para Barcelona. Foi o 42º flagrante registrado em 2007.
O representante regional do estudo da ONU para o Brasil e Cone Sul, Giovanni Quaglia, observa que a tendência é de crescimento do consumo de drogas pela população jovem. “Em quatro anos, o uso de cocaína praticamente dobrou. É visível também a presença de seu subproduto, o crack, devido ao baixo preço. Se temos 130 quilos apreendidos até agora, é possível dizer que há uma quantidade cinco vezes maior circulando no mercado estadual”, disse. Ele informou que quase toda a pasta-base de coca, usada na produção do crack, vinda da Bolívia, tem como mercados o Brasil e a Argentina. “Só há oferta porque a procura é grande”, completou. O relatório mostra, ainda, que o consumo de maconha também cresceu no Brasil. Em 2001, 1% da população entre 15 e 65 anos consumia a droga. O índice subiu para 2,6% em 2005.
Há duas semanas, o Jornal do Commercio publicou a série A Epidemia do Tráfico, revelando a invasão do entorpecente no Estado. A opinião do titular da Delegacia de Narcotráfico da Polícia Civil, Francisco Rodrigues, confirma a do pesquisador da ONU. “O aumento do tráfico é uma realidade mundial. A Bolívia, por exemplo, estimula o plantio de coca, e sabemos que o alto grau de dependência física e química que a droga cria contribui para um aumento considerável de usuários. Isso nos preocupa muito”, disse.
Hoje pela manhã, a Polícia Federal incinera, na sede da Siderurgia Gerdau, na Imbiribeira, Zona Sul do Recife, uma tonelada de maconha, 121 quilos de cocaína e 13 quilos de crack.
Fonte: Jornal do Commercio - 27 JUN 07