As incubadoras de empresas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) estão conseguindo reduzir a mortalidade de novas indústrias nos primeiros cinco anos para 19%, índice expressivo quando se recorda que a média nacional, computada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em 2005, é o triplo: 56%.
“Nós conseguimos esse resultado positivo devido a uma série de fatores”, afirma o diretor do Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria (Dempi) na Fiesp, Carlos Bittencourt.
“Em primeiro lugar, fazemos uma pré-seleção dos candidatos, examinando a viabilidade do projeto. Depois, oferecemos instalações a custos baixos para o início da operação, e assistência de especialistas para informar o empreendedor”, acrescentou o diretor.
A amplitude do apoio da Federação é considerável. “Nós colocamos à disposição dos novos industriais consultorias sobre a formação de preços, custos e finanças em geral, marketing, exportação, apoio para desenvolvimento e comercialização dos produtos, e treinamentos específicos para a área de atuação deles”, informa o diretor do Dempi.
“Como ficam todos num meio ambiente só, eles também partilham vários serviços, que terminam reduzindo os custos de implantação”, completa.
A diferença da preparação
O esforço da Fiesp mostra que a preparação do empreendedor faz uma enorme diferença na capacidade de sobrevivência de novas empresas.
O curso do Sebrae para empreendedores, que é realizado em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), oferece números similares: o índice de quebra das empresas, nesse caso, cai para 17% entre os que fazem o curso.
Em relação à taxa de descontinuidade de novas empresas, a média dos países participantes do programa Empretec é de 3,8%. Na Holanda, é de apenas 0,2%; o índice mais alto de descontinuidade é o da Índia, com 15%.
O Brasil se aproxima do pelotão do meio, com 4,5%, segundo levantamento que foi realizado pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM, ou Monitor Global do Empreendedorismo em Português) de 2006.
O desempenho brasileiro monitorado pelo GEM tem melhorado espetacularmente ao longo desta década.
A descontinuidade de novos empreendimentos no País diminuiu de 8,1% em 2002 para 4,5% no ano passado (veja o gráfico ao lado, nesta página).
Parte desse desempenho se deve a incubadoras como a da Federação das Indústrias de São Paulo, que cobre apenas indústrias e funciona desde 1989, e a cursos de treinamento como o Empretec, que cobre todos os setores e existe desde 1988.
Curiosamente, a Fiesp ainda não conseguiu uma parceria para implantar uma incubadora na capital paulista. “O maior obstáculo é encontrar um local”, explica Carlos Bittencourt. “É mesmo mais difícil encontrar uma área na capital para acomodar incubadoras industriais. Essa disponibilidade é maior no interior, onde o interesse dos prefeitos alavanca a parceria”, afirma.
Mais empregos
Outro fator importante que resulta dessas iniciativas é a capacidade de geração de empregos.
O programa de incubadoras da Federação das Indústrias de São Paulo, por exemplo, já apoiou 452 empreendimentos nos últimos dezesseis anos, e nesse processo criou cerca de 2.160 postos de trabalho diretos.
Os dados são significativos também no caso do Empretec, em que o estudo do GEM mostra outro dado animador em relação a empregos: 61% dos empreendedores, ao sair do curso, passaram a empregar 71% a mais.
Em termos gerais, o efeito do curso levou a um aumento de 31% do emprego nesses empreendimentos, com crescimento de 36% na massa salarial.