Em 7 de setembro de 1922, o Brasil celebrou o centenário de sua Independência com uma série de eventos e homenagens aos que possibilitaram uma vida própria para o país, colonizado pelos portugueses no distante ano de 1500. Sem dúvida, uma das mais importantes homenagens prestadas no início do século passado foi a inauguração do prédio da Bolsa Oficial de Café, no Centro Histórico de Santos.
Na época, o local ficou conhecido internacionalmente como o maior e mais importante prédio para realização de pregões de café, produto que trazia lucros astronômicos para a economia brasileira no início do século 20. Hoje, quem visita Santos, sede do maior porto da América Latina, não pode deixar de conferir as belezas da antiga Bolsa de Café, hoje um museu abrigado luxuosamente numa estrutura ímpar, que uniu o estilo neoclássico com as transformações do mundo pós-Primeira Guerra Mundial.
Por ser a maior praça de movimentação cafeeira, Santos sempre precisou de um edifício que traduzisse este poderio econômico. Desde aqueles tempos, o porto da Cidade era um dos mais importantes do mundo, exportando para todos os continentes o legítimo café brasileiro. Por isso, em 1914 aprovou-se o projeto de construção da Bolsa de Café.
Os trabalhos de construção da grande fortaleza cafeeira começaram em 1920. Mesmo com a construção inacabada, a Bolsa ganhou sua pujante sede em 1922, para celebrar os 100 anos da Independência do Brasil. Durante os anos seguintes, os detalhes finais foram finalizados e o prédio pôde funcionar com força total, movimentando milhões de dólares e trazendo cada vez mais interessados no café para Santos.
No entanto, a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque prejudicou quem investia em Santos. Os americanos importavam grandes quantidades de sacas de café, gasto suprimido devido a falta de dinheiro no país. Sem um grande comprador e com outros grandes países também sentindo os efeitos da desvalorização do dólar, a queda do volume de negócios era inevitável.
Décadas depois, os pregões foram extintos oficialmente, mas as autoridades descuidaram-se, dando pouca ou nenhuma atenção para o prédio que abrigava a Bolsa de Café. Mesmo com o tombamento histórico do local, algumas repartições públicas passaram a funcionar na Bolsa, o que deu um caráter burocrático e longe dos tempos de glamour da década de 20.
Somente na década de 90, o Governo do Estado de São Paulo encampou a idéia de reativação da Bolsa de Café como um ponto turístico de grande relevância para Santos e sua região central. As obras demoraram anos para serem concluídas, mas em 25 de setembro de 1998, finalmente as portas do prédio da Bolsa de Café puderam ser reabertas, abrigando o Museu do Café Brasileiro. Desde a sua reinauguração, mais de 300 mil pessoas já passaram pelo museu, que está na rota turística oficial de Santos.
Serviço
O Museu do Café promove o reencontro do cartunista e escritor Ziraldo com o café, para comemorar seu 9º aniversário após a reforma e reabertura. A exposição de charges e trabalhos do cartunista está em Santos, aberta ao publico. O Museu do Café Brasileiro fica no prédio da Bolsa de Café de Santos, à Rua XV de Novembro, 95, no Centro Histórico. O local fica aberto ao público de terça a sábado, das 9 às 17 horas, e aos domingos, das 10 às 17h. Os ingressos custam R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia).