Economistas se debruçam sobre as causas da recessão e as soluções para levar o país ao crescimento sustentado do PIB. O consenso de que é preciso muito mais do que ações pontuais ou conjunturais se fortalece. A teoria econômica e os dados empíricos no pós-guerra sugerem que o processo de rápida aceleração do crescimento experimentado por economias emergentes é raramente sustentável no longo prazo. Isso pode estar relacionado, entre outros aspectos, à falta de planejamento ou foco apenas em fatores específicos que, quando ainda abundantes, formam apenas bolhas de crescimento econômico. O diagnóstico é do economista chefe do Banco do Brasil (BB), Élcio Gomes Rocha.
Segundo ele, uma política de crescimento econômico de longo prazo não pode prescindir de uma estratégia de recuperação da base produtiva do País, o que requer a sinalização de que há um arcabouço institucional e regulatório capaz de gerar níveis de confiança adequados à ampliação dos investimentos produtivos.
Ele relaciona: "Entre os componentes dos investimentos, as máquinas e equipamentos, a pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a destinação de recursos para infraestrutura são os principais fatores que explicam o crescimento da produtividade, além de estimular as inversões privadas. Mas é justamente na questão da infraestrutura que a economia brasileira não apresentou evolução relevante. Desde o final dos anos 1990, os números mostram que o total de investimentos públicos em infraestrutura gira em torno de 2% do PIB."
Rocha ensina que a literatura econômica é pródiga de estudos que buscam definir os canais de transmissão do investimento para a economia real. "Esses trabalhos apontam como os aportes em infraestrutura beneficiam as famílias – com melhores condições de saneamento, água, esgoto e energia– e sinalizam às empresas o potencial dos mercados, a capacidade de racionalizar custos e obter ganhos de produtividade."