O especialista em Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Renato Baumann, em recente debate na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), afirmou que apesar de recentes sinais de um esforço em se aproximar de mercados estrangeiros, o Brasil ainda amarga um “baixíssimo grau de integração produtiva com países vizinhos”.
“Temos pouquíssimos acordos comerciais, de preferências comerciais, e certamente não iremos participar dos megaacordos que estão sendo negociados hoje. Costumo usar a imagem de que está chovendo sopa e estamos de garfo na mão. Não estamos nos beneficiando em nada de um mundo que está mudando de forma muito rápida”, alertou Baumman ao esclarecer a situação brasileira referente a inovação e competitividade.
Segundo ele, a relação entre inovação e competitividade é clara. Mas quando se trata de acordos de livre comércio e inovação, essa ligação pode ser “menos imediata”. “Em um ambiente de livre comércio não se observa necessariamente a transferência tecnológica. São decisões políticas maiores. Um livre comércio pode desestimular a inovação se as condições internas do país não estão dadas para estimular e viabilizar esse esforço”, explicou.
Na avaliação de Baumann, o país precisa de uma condição básica para que os esforços de inovação alcancem resultados. Segundo ele, é preciso um Sistema Nacional de Inovação, “que é basicamente o indicador de um país desenvolvido ou subdesenvolvido. Se você tem o sistema, você é rico, se não tem, não, é tão simples quanto isso”. O Sistema Nacional de Inovação consiste, segundo o especialista do Ipea, em instituições, legislação, estruturas de incentivo e financiamento.