A jornalista Marina Amaral, da Agência Pública, publicou, na última semana, reportagem polêmica sobre suposta espionagem da mineradora Vale em cima dos movimentos sociais e de funcionários, e até jornalistas. As informações são de ex-gerente de segurança, que move ação contra a companhia no Ministério Público Federal (MPF).
Por que a denúncia do ex-funcionário André Luis Costa de Almeida? Ele responde assim: “Tem que deixar o buraco do rato, não pode encurralar, isso eu aprendi no Exército”.
Foto: Alexandre Campbell
André Almeida, funcionário demitido da Vale, abre a caixa-preta da companhia
Um ano depois de sua demissão, relata a reportagem, em 18 de março deste ano, Almeida entrou com uma representação no Ministério Público Federal afirmando que “participava de reuniões, recebia relatórios e era informado formal e informalmente de diversas situações que considero antiéticas, contra as normas internas e/ou ilegais”, admitindo que “por pressão sobre o meu emprego, me sujeitei a executá-las”, e anexando demonstrativos de notas fiscais que descrevem entre os serviços contratados pela Vale à empresa de inteligência Network, do Rio de Janeiro.
E fala mais: a infiltração de agentes em movimentos sociais (no Rio, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará e Maranhão); o pagamento de propinas a funcionários públicos (para obter informações de apoio às “investigações internas”, na Polícia Federal e em órgãos da Justiça em São Paulo); quebra de sigilo bancário e da Receita (de funcionários, até mesmo diretores), “grampos telefônicos” (entre eles o da jornalista Vera Durão, quando ela trabalhava no jornal Valor Econômico), “dossiês de políticos” (com informações públicas e “outras conseguidas por meios não públicos” sobre políticos e representantes de movimentos sociais).